Recomendações da Organização Mundial da Saúde no Atendimento ao Parto Normal

Um achado, esssa lista! Amei!
Beijos,
Fer
A) Práticas que são demonstradamente úteis e que deveriam ser encorajadas.
1. Usar luvas no exame vaginal, durante o nascimento do bebê e na dequitação da placenta.
2. Liberdade de posição e movimento durante o trabalho do parto.
3. Estímulo a posições não supinas (deitadas) durante o trabalho de parto e parto.
4. Monitoramento cuidadoso do progresso do trabalho de parto, por exemplo, pelo uso do partograma da OMS.
5. Utilizar ocitocina profilática na terceira fase do trabalho de parto em mulheres com um risco de hemorragia pós-parto, ou que correm perigo em conseqüência de uma pequena perda de sangue.
6. Condições estéreis ao cortar o cordão.
7. Prevenir hipotermia do bebê.
8. Contato cutâneo direto precoce entre mãe e filho e apoio ao início da amamentação na primeira hora do pós-parto, conforme diretrizes da OMS sobre o aleitamento materno.
9. Plano individual determinando onde e por quem o parto será realizado, feito em conjunto com a mulher durante a gestação, e comunicado a seu marido/ companheiro e, se aplicável, a sua família.
10. Avaliação do risco gestacional durante o pré-natal, reavaliado a cada contato com o sistema de saúde e no momento do primeiro contato com o prestador de serviços durante o trabalho de parto e parto.
11. Monitorar o bem-estar físico e emocional da mulher ao longo do trabalho de parto e parto, assim como ao término do processo do nascimento.
12. Oferecer líquidos por via oral durante o trabalho de parto e parto.
13. Respeitar a escolha da mãe sobre o local do parto, após ter recebido informações.
14. Fornecimento de assistência obstétrica no nível mais periférico onde o parto for viável e seguro e onde a mulher se sentir segura e confiante.
15. Respeito ao direito da mulher à privacidade no local do parto.
16. Apoio empático pelos prestadores de serviço durante o trabalho de parto e parto.
17. Respeito à escolha da mulher quanto ao acompanhante durante o trabalho de parto e parto.
18. Fornecer às mulheres todas as informações e explicações que desejarem.
19. Métodos não invasivos e não farmacológicos para alívio da dor, como massagem e técnicas de relaxamento, durante o trabalho de parto.
20. Monitoramento fetal por meio de ausculta intermitente.
21. Uso de materiais descartáveis apenas uma vez e descontaminação adequada de materiais reutilizáveis durante todo o trabalho de parto e parto.
22. Examinar rotineiramente a placenta e as membranas ovulares.

B) Práticas claramente prejudiciais ou ineficazes e que deveriam ser eliminadas.

1. Uso rotineiro de enema.
2. Uso rotineiro de tricotomia.
3. Infusão intravenosa rotineira em trabalho de parto.
4. Cateterização venosa profilática de rotina.
5. Uso rotineiro da posição supina durante o trabalho de parto.
6. Exame retal.
7. Uso de pelvimetria por raios-X.
8. Administração de ocitócicos em qualquer momento antes do parto de um modo que não permita controlar seus efeitos.
9. Uso rotineiro da posição de litotomia com ou sem estribos durante o trabalho de parto e parto.
10. Esforços de puxo prolongados e dirigidos (manobra de Valsalva) durante o segundo estágio do trabalho de parto (expulsivo).
11. Massagens e distensão do períneo durante o segundo estágio do trabalho de parto.
12. Uso de comprimidos orais de ergometrina na dequitação para prevenir ou controlar hemorragias.
13. Uso rotineiro de ergometrina por via parenteral no terceiro estágio do trabalho de parto.
14. Lavagem rotineira do útero depois do parto.
15. Revisão rotineira (exploração manual) do útero depois do parto.C) Práticas em relação às quais não existem evidências suficientes para apoiar uma recomendação clara e que devem ser utilizadas com cautela até que mais pesquisas esclareçam a questão

1. Método não farmacológico de alívio da dor durante o trabalho de parto, como ervas, imersão em água e estimulação nervosa.
2. Amniotomia precoce de rotina (romper a bolsa d’água) no primeiro estágio do trabalho de parto.
3. Pressão no fundo uterino durante o trabalho de parto e parto.
4. Manobras relacionadas à proteção ao períneo e ao manejo do polo cefálico no momento do parto.
5. Manipulação ativa do feto no momento de nascimento.
6. Uso rotineiro de ocitocina, tração controlada do cordão ou sua combinação durante o terceiro estágio do trabalho de parto.
7. Clampeamento precoce do cordão umbilical.
8. Estimulação do mamilo para aumentar contrações uterinas durante a dequitação.D) Práticas freqüentemente utilizadas de modo inadequado

1. Restrição hídrica e alimentar durante o trabalho de parto.
2. Controle da dor por agentes sistêmicos.
3. Controle da dor por analgesia peridural.
4. Monitoramento eletrônico fetal.
5. Utilização de máscaras e aventais estéreis durante a assistência ao parto.
6. Exames vaginais repetidos e freqüentes, especialmente por mais de um prestador de serviços.
7. Correção da dinâmica com a utilização de ocitocina.
8. Transferência rotineira da parturiente para outra sala no início do segundo estágio do trabalho de parto.
9. Cateterização da bexiga.
10. Estímulo para o puxo quando se diagnostica dilatação cervical completa ou quase completa, antes que a própria mulher sinta o puxo involuntário.
11. Adesão rígida a uma duração estipulada do segundo estágio do trabalho de parto, como por exemplo, uma hora, se as condições maternas e do feto forem boas e se houver progresso do trabalho de parto.
12. Parto operatório (cesariana).
13. Uso liberal ou rotineiro de episiotomia.
14. Exploração manual do útero depois do parto.

Relato de parto – Nasceu Clarissa

Olá, mulheres queridas do meu coração!!!
Segue abaixo um apanhado das minhas lembranças de como se deu o parto da Clarissa, num email que escrevi para a lista PartoNosso. Claro que existem detalhes e mais detalhes, nuances, que ficam pelo caminho, mas jah dá pra ter uma noção de como foi.
Bjussss a todas,
Fernanda
***
A Clarissa Nasceu em casa.
Foi lindo, tranquilo, e bem mais rápido do que eu poderia imaginar e tudo deu  mais certo do que eu
poderia prever.
Puxa vida, daí eu tenho que começar do começo mesmo, né. Na verdade tudo começou em Brasília, quando fui morar lá a uns 9 anos atrás, e conheci minha comadre, que tinha tido uma menina linda, em casa, no seu apartamento no Guará!! Aquela informação ficou fazendo eco dentro de mim. Quando conheci meu companheiro, a uns três anos atrás, quando começou a rolar o papo de ter filho, fui logo falando pra ele que queria ter em casa.
Ele fazia uma cara de meeeeeeeedoooo incrível, segurava minha mão, olhava comoventemente nos meus olhos e dizia “Nãaaooo, meu Amor!!” Uma coisa linda de ver o cuidado dele comigo. Como eu imaginava que seria uma tarefa a cumprir, o convencimento dele, fui começando logo, bem antes de engravidar.
Qdo engravidei, encontrei um GO que disse que era possível fazer o parto em casa. O Ricardo estava comigo na primeira consulta e ficou bem impressionado e confiou na palavra do médico (claro!).
Assim, com o maridão mais flexivel, começaram-se os preparativos.
Daí começaram a surgir dúvidas, de como seria isso na verdade, nos finalmentes.
Entrei pra lista partonosso, conheci a Rebeca que de cara se prontificou a ser meu plantão tira-dúvidas 24hs e me enchi de perguntas para o médico.
Retorno no consultório e uma decepção total – episio era decisão dele, tinha que ter um analgesista de prontidão, ambulância na porta só não ia precisar porque eu morava a duas quadras do hospital, pediatra tinha que estar junto e ainda por cima me beliscou quando eu disse que sabia que não ia querer anestesista, (segundo ele, dor a gente só sabe na hora).
Saí bege, transtornada. Chorei horrores. Minha busca estava no zero de novo.
Agora, o importante é que o maridão agora estava comigo e eu, com as pesquisas e discussões estava ainda mais convicta do que queria.
Comecei uma busca doida. Aonda teria nessa terra de “Malboro” uma pessoa que pudesse assistir ao meu parto, nas condições que eu queria, sendo que eu mesma ainda estava tomando consciencia objetiva dos meus quereres que estavam claríssimos dentro de mim à anos, esperando o tempo certo de tomarem consciência?
Depois de hoooooooooooras na internet, dias e dias de pesquisa, perguntas e buscas, encontrei uma Enfermeira Obstetra bem perto da minha casa, no mesmo hospital que nos serviria de apoio. Encontrei também uma fisioterapeuta obstetra que nos serviu de fotógrafa e uma doula, que no dia mesmo tava com uma virose e não pode aparecer.
Acontece que a empatia com a EO foi imediata e irreversível, senti nela uma profunda confiança e as conversas que fomos tendo, junto com a disponibilidade dela ir à minha casa cerca de duas a tres vezes por semana, construíram uma relação de cumplicidade. Até que um dia ela falou que não tinha a menor vontade de fazer nenhuma intervenção em mim, que o que ela queria era assistir ao meu parto e que ela tinha certeza de que seria tudo lindo, certo. Comprei piscina inflável, testamos, tudo certo.
Até conheci o banheiro de uma amiga, às vésperas das 39 semanas, que tem uma banheira massssa e pensei, vou livrar o Ricardo da logística de ter que encher com água morna  a piscina. Ela topou. Isso era uma sexta feira. Nesse dia dirigi feito uma doida, saí com ela pra um evento nos arredores da cidade, estrada superesburacada. Passou sábado e domingo. Na segunda fui comprar umas coisas que faltava com a minha mãe, andei feito uma camela pela cidade queeeeeennnte. Certa altura fui ao banheiro e vi o tampão. Primeira coisa – comuniquei à EO. Bom, já havíamos conversado que poderia ter daí até 10 dias pra iniciar o TP propriamente dito (e eu achava que comigo poderia acontecer assim, então…fiquei mega tranquila) quando contei pra minha mãe ela fez uma cara de espanto e disse: “Vai Nascer!” Falei pra ela que não…ia demorar ainda. Terminamos de comprar o que precisava e fui pra casa pooooooodre de cansada. Na terça-feira, me deu um t***ão insano pelo meu marido e fizemos um “supernamoro”, bom!!! e pensei comigo, qdo fiz uma pequena anotaçãozinha na minha agenda, que já estávamos prontos pra receber a Clarissa.
Quando foi quarta-feira 4:50 da matina, acordei (fazia já uns dias que acordava nesse horário, eu que gostava de dormir de manhã, até 8, 9, 10 horas… e fui pra frente do computador, numa urgência incrível de rever meu plano de parto, reescrever tudo, fazer todo mundo ficar ciente. Escrevi tudo e mandei um email pro GO, que já era outro, um que topou ser nosso plano b sem ficar com uma mancha enorme no ego como o outro ficaria, inclusive dando todo apoio e dizendo que as coisas por aqui precisavem mudar e que se precisássemos dele era só ligar, mas ele esperava que não precisássemos. Mandei também pra EO e imprimi. Liguei pra ela e pedi uma carona, pois havia uma ultrassom marcada pro fim da tarde. Passei o dia no computador, teclando e sentindo contraçõezinhas (que eram umas cólicas, desde segunda, qdo o tampão começo a sair).
Quando foi de tarde, resolvi contar os intervalos e vi que eram irregulares. Não dei atenção porque eu podeia ficar em pródromos por até dez dias, então… nem me lembrei de falar pra EO o que estava sentindo.
Ela me pegou em casa e me levou no laboratório. Estava sentindo as contrações, mas respirava tranquilamente e tudo ficava bem. Tão bem que tomamos um suco juntas, conversamos sobre mil assuntos e nem de eu lembrar de falar pra ela!!!
Quando foi 17:50 Ricardo chegou pra me buscar e ainda tinham 11 pessoas na minha frente!! Daí que eu já sentia diminuir os intervalos, mas ainda sentia que estava bem e sentia uma fome grande. Saímos para jantar. Retornamos às 18:50 e tinham duas pessoas na minha frente. Logo me chamaram. As contrações nessa altura já me faziam parar de andar.
Fiz a ultrassom xingando o médico porque aquele gel estava gelado e me assustou e porque ele falou que a bb estava com uma circular, q tinha médico que não fazia normal, etc, etc, etc saí com duas quentes e três fervendo pra cima dele e as contrações apertando, pra sentar na cama, pra deitar, pra levantar, pra sair da sala…  o resultado ficava pronto em 15minutos. Esperamos um pouquinho e eu ja não estava mais aguentando. Falei pro Ricardo que foi agilizar o resultado do exame e fomos embora. Isso eram umas 19:30.
A cada contração eu tinha que parar e respirar. Umas três até chegar no carro. Falei pra ele que se eu não soubesse bem o que queria, aquela seria a hora de ir para o hospital, que tava ficando insuportável. Fomos pra casa subindo um dos trechos mais remendados do asfalto da cidade. Cheio de solavancos. Até pedi pra ele parar o carro. Ainda bem que não parou. Chegamos em casa quase 20h (e não é longe o laboratório da minha casa. o normal seriam 10 minutos) e não tinha jeito de eu ficar na minha cama.
Fui pro chuveiro e falei pra ele contar as contrações. Ainda eram irregulares. Mas estavam apertando. Falei pra ele ligar pra EO. Como ela não sabia que eu estava sentindo contrações ela ficou bem ligth, tranquilo, que aquilo eram própromos! Eita!! Inda bem que minha amiga, que estava com o telefone dela ligou e disse que ia nascer. Délia chegou em casa eram umas 22h. Fiquei no chuveiro até quase isso. Quando ela chegou eu estava na minha cama procurando um jeito de ficar lá. Me examinou, fez o único toque do trabalho de parto todo, arregalou um olhão e disse: Menina!! Vai nascer! Que eu já estava com quase 9cm de dilatação.
Fiquei no meu quarto um pouco, na banqueta, e voltei pro chuveiro, que era onde eu me sentia melhor. Lá fiquei até passado um pouco da meia noite. Com isso, mais duas horas de chuveiro ligado, caiu a força (eheeee!!!!) isso mesmo, todo mundo no escuro!! Ricardo comigo no chuveiro, Délia me massageando, Fisio que tava fotografando e amiga. Agora todo mundo empenhado em achar o disjuntor pra voltar a energia elétrica. Nesse momento, senti um refresco, que não durou muito.
Resolvi ir pra cama. Quando fui pro meu quarto, as meninas tinham arrumado tudo, berço, cama… e fui pra cima. Fiquei em 4 apoios, tive mais umas 3 contrações, entrei no expulsivo e Clarissa nasceu. Qdo ela coroou o pai foi segurar.
Ele, que a viu primeiro, junto com a Délia. Foi ele quem a segurou. Colocaram ela por debaixo de mim. Eu a vi. A única coisa que eu consegui dizer é que era de verdade!! Minha princesinha, minha rainha (até de rainha chamei a pequena!!) e repetia que era verdade! O cordão foi cortado depois que parou de pulsar, pelo pai. Mais uns minutos, eu sentindo uma indescritível sensação de missão cumprida, e nasceu a placenta.
Não consegui deixar que me examinasse em momento nenhum do TP e qualquer toque, mesmo pra me segurar, me apoiar, eu tinha que ver se conseguia, porque invariavelmente, nem na minha mão eu queria que pegasse.
Provavelmente a bolsa estourou no chuveiro e bendita seja a Délia, anjo parteira de coração, que fez tudo com amor, carinho, compreensão, respeito, simplesmente observando minha natureza. Minha gratidão eterna.
Clarissa recebeu apgar 10/10, nasceu rosada como uma flor, com todos os reflexos impecáveis. Mamou na primeira hora. Foi pesada no dia seguinte, 2,395, numa balança de precisão de 5 em 5 gramas, então temos aí uma folguinha pra mais ou pra menos, o que na verdade não faz a menor diferença.
O importante é q não tinha ninguém pra pegar ela além de mim e do meu marido e quem fez isso só fez com suave autorização, amor e consideração por todo o momento que estava acontecendo ali.
Délia ficou comigo até verificar que meu útero diminuía de tamanho, voltou pra me ver no dia seguinte cedo e de tarde. Logo depois do parto tomei banho. Hoje sei que comecei a ir pra partolândia na segunda-feira, qdo começaram as contrações e só saí de lá 15 dias depois do parto. Fiquei, na real, uns 3 dias depois do parto fora de órbita, a realidade era só o que acontecia dentro de mim. Sem existência de mundo exterior. Só eu e Clarissa. Experiência impar, que de tão boa, no dia seguinte já queria ter outro bb. Sério. É isso, se não fosse cuidar, educar, criar, daria, sim, pra ter um por ano seguramente. É bom demais!!!!!
Ah, me preparei, me conectei o máximo que pude com a natureza e nos últimos dias, tinha uma conexão com o Sol, os bichos todos que parem seguindo sua própria natureza, sem terem quem lhes instrua.
Somente o divino que permeia tudo. Pedia que pudesse sentir e confiar na força da minha natureza, humana, mamífera. É isso. times over, gente. Nos falamos mais depois. Valeu por tudo!!!! Deus sabe e eu também o quanto vocês contribuiram pra que minha realidade fosse bela. Grande beijo Jobis, Rebeca, e tantas que tiveram PDs e expuseram seus relatos pra que a gente se encorage e conheça as pedras do caminho. Graaaaaaata!!!!
Inté,
Fernanda – mamãe da Clarissa, nascida dia 27 de janeiro, às 00:55, com saúde, alegria, no aconhego do nosso lar, na mesma cama em que foi concebida com amor.
P.S.: nem lembramos da piscina inflável e de ir pra casa da minha amiga muuuuuito menos. Não ia dar tempo, mesmo!

Sobre o que desencadeia o trabalho de parto…

Participo de uma lista que discute, trata, questiona e ampara as questões sobre o parto – a Parto Nosso. Então, uma das maternas da lista, levantou a questão sobre o que desencadeia o trabalho de parto, sendo que uma mulher com a vida super agitada pode iniciar o trabalho de parto com 40 semanas e outra com atividades amenas durante a gravidez pode parir com 38 semanas. Ou seja, rítmo de vida não interfere. Por outro lado, fatores externos, como descolamento de membranas, utilizado para desencadear trabalho de parto, também não é fator deternimante.

Diante do impasse, eis que surge a reflexão do Dr. Ric Jones, participante ativo da lista, falando sobre o subjetivo envolvido no processo, que por vezes passa desapercebido no pré-natais da vida.

Riqueza de sentido.

Um abraço,

Fer

O parto é algo que acontece entre as orelhas”,

me repetia Max o velho adágio das parteiras.

Não o procure nas dobras dos tecidos uterinos, nas protuberân­cias ósseas, nas contrações ou nas variações dos hormônios.

Ele se encerra nos pequenos grãos de areia de nossos sonhos, na bruma de palavras disper­sas de um passado distante.

Ele se refugia nos sussurros de uma menina, na curiosidade infindável que ela carrega e no seu olhar insaciável.

O parto e seus mistérios se escondem ao olhar superficial, à análise tímida e ao investigador amedrontado.

Para entender o que o comanda, é preciso penetrar nos abis­mos obscuros da alma de uma mulher, lá onde se abrigam seus sonhos e suas tristezas.

Quanto mais profundamente mergulharmos, mas nebulosa será nossa jornada.

Entretanto, apenas assim poderemos encontrar essa semente.

Talvez, apenas uma suposição, a chave para essa questão esteja mesmo li­gada a essa fissura aberrante na ordem natural, a qual chamamos amor.

E tal­vez, outra mera suposição, para entender o que acontece entre as orelhas de uma mulher, somente se soubermos como encontrar esta chave.

(Excerto do livro “Entre as Orelhas – Histórias de Parto“, no prelo, de Ricardo Herbert Jones)

Parto domiciliar: refletindo sobre paradigmas

Olá, meninas!!

Já ouvi algumas vezes: “Nossa!! Que coragem ter neném em casa!”  E minha resposta é invariavelmente: “Coragem mesmo é parir em hospital!”

Agora, abaixo, postei um texto técnico/científico que fala sobre esse acontecimento que em alguns países já é via de regra a forma como o sistema de saúde trata as gestantes e parturientes.

Beijos,

Fer

“A humanização do nascimento não representa um retorno romântico ao passado, nem uma desvalorização da tecnologia. Em vez disso, oferece uma via ecológica e sustentável para o futuro”
(Ricardo Herbert Jones)

Ana Paula Caldas, médica neonatologista, em parto domiciliar, imediatamente depois do nascimento de Lis - Foto: Ana Cristina Duarte
Ana Paula Caldas, médica neonatologista, em seu parto domiciliar, imediatamente depois do nascimento de Lis – Foto: Ana Cristina Duarte

Quando começamos a escrever esta coluna para o Guia do Bebê, em 2010, nosso primeiro artigo abordou um assunto que começava então a despertar o interesse da mídia brasileira: o parto domiciliar (1). Na oportunidade, revisamos as evidências científicas disponíveis e concluímos que o parto domiciliar, uma realidade frequente em outros países, como Holanda, Inglaterra e Canadá, representava uma alternativa segura para as gestantes de baixo risco, resultando em menor taxa de intervenções como episiotomia, analgesia, operação cesariana e parto instrumental (fórceps e vácuo-extrator), sem aumento do risco de complicações para mães e bebês (2-4). Destacamos a publicação, em 2009, de um grande estudo de coorte comparando mais de 500.000 partos domiciliares ou hospitalares planejados em gestantes de baixo risco, no qual não se verificou diferença significativa no risco de morte fetal intraparto, morte neonatal precoce e admissão em unidade de terapia intensiva (UTI) neonatal (4).

Interrompendo temporariamente nossa série de artigos sobre Parto Normal vs. Cesárea (5-7), voltamos agora a abordar este tema, que recentemente retoma a atenção da mídia despertando intensa polêmica, depois da publicação de matéria online no site da maior revista de atualidades brasileira, com o título sensacionalista “Parto domiciliar: quando o risco não é necessário” (8). Depois de publicar uma controvertida matéria sobre os milagrosos efeitos de uma medicação antiobesidade (9) que não é aceita pela comunidade científica com esta finalidade (10,11) a revista volta a fazer incursões na área de saúde, mas desta vez em paz com os “conselhos de medicina”, ao alertar que o parto domiciliar estaria expondo mulheres e crianças a “complicações que podem ser graves” (8).

À parte considerações puramente semânticas às quais não iremos nos ater, a matéria presta um desserviço à população com suas afirmações categóricas e sem embasamento científico, em que se confundem mau jornalismo e julgamentos apressados, além de um amontoado de lugares-comuns, como exemplificado no seguinte trecho do primeiro parágrafo: “Depois da revolução pela qual a medicina passou no século 20, hospitais tornaram-se lugares mais seguros e indicados não só para tratamento de doentes, como para o nascimento de crianças. É regra que, dadas as condições, não faz mais sentido realizar um parto dentro casa, sujeito a problemas com consequências potencialmente desastrosas que poderiam ser resolvidas em um hospital. Regra, no entanto, que algumas mulheres moradoras de grandes centros urbanos, com todas as condições de usufruir desses avanços da medicina, questionam e ignoram. Essas mulheres defendem o parto à moda antiga, dentro de casa.”(8)

Ora, quem ditou essa regra que as transgressoras “moradoras de grandes centros urbanos” resolvem agora “questionar e ignorar”, defendendo o “parto à moda antiga”? Por que a revista afirma que hospitais são os “lugares mais seguros e indicados não só para tratamento de doentes, como para o nascimento de crianças”? Por que os representantes de conselhos e sociedades batem tanto na tecla de “riscos eminentes”? Seriam os riscos tão importantes assim ou foi somente um erro de grafia? E finalmente, quais são as reais implicações do artigo publicado por Joseph Wax (12) no “conceituado periódico médico internacional”, o American Journal of Obstetrics and Gynecology (AJOG)?

Vamos por partes. Primeiro, é fato que houve grandes avanços na Medicina durante o século XX e que, por conta destes avanços, verificou-se notável queda da mortalidade materna e perinatal. Em decorrência da antissepsia e da descoberta de antibióticos, a par da introdução das modernas técnicas anestésicas, tornou-se mais seguro realizar uma cesariana, e é fato inconteste que uma cesariana bem indicada é salvadora (13,14). Transfusão sanguínea, uso de antibióticos, prevenção e tratamento das convulsões com sulfato de magnésio, todas essas tecnologias bem empregadas levaram à redução das mortes maternas por hemorragia, infecção e hipertensão e são estratégias que devem estar facilmente disponíveis nos serviços de saúde para as situações de alto risco (15). No entanto, taxas de cesariana superiores a 15%-20% não resultam em redução das complicações e da mortalidade materna e neonatal e, ao contrário, podem estar associadas a resultados prejudiciais tanto para a mãe como para o concepto (16-18).

Por outro lado, o processo de hospitalização do parto, coincidindo com esses avanços, gerou infelizmente uma elaborada proliferação de ritos e rituais em torno deste evento fisiológico, como alerta Robbie Davis-Floyd em seu instigante livro “Birth as an American Rite of Passage”(19). Esses ritos e rituais adotados pelo modelo tecnocrático de assistência ao parto vigente no mundo ocidental foram introduzidos sem evidências científicas corroborando sua efetividade e vieram como “respostas ao medo exagerado deste processo natural do qual depende a continuidade de nossa existência” (19). Como resultado, intervenções e procedimentos desnecessários como episiotomia (corte no períneo), raspagem dos pelos, lavagem intestinal, uso rotineiro de ocitocina para acelerar o trabalho de parto e cesarianas sem indicação foram progressivamente incorporados à prática médica e ainda seguem sendo realizados como rotina em muitos hospitais brasileiros. De fato, cada parturiente internada em hospital passa a ser vista como “paciente” e submetida, portanto, às “regras” desse hospital para todos os “doentes”(20) .

Foi contra essa medicalização excessiva de um processo fisiológico que os movimentos de contracultura se voltaram nos anos 1960 e 1970, e foi como consequência da pressão desses movimentos que se começou a estudar a real necessidade, segurança e efetividade de muitos dos procedimentos estabelecidos como rotina na prática obstétrica diária (21). O novo paradigma da “Saúde Baseada em Evidências” , iniciando-se na Medicina e avançando progressivamente para outras áreas que passam a se integrar em uma perspectiva transdisciplinar, tem seus pilares na década de 1970 e 1980 exatamente na Saúde Materno-Infantil (22), como resposta aos questionamentos sobre o complexo emaranhado de rituais desnecessários permeando a assistência obstétrica e neonatal (19-22).

O movimento de retorno ao que se chama “parto à moda antiga” não é novo nem representa um modismo, e tampouco pretende abdicar do que a tecnologia tem de positivo e atraente, uma vez que intervenções necessárias são bem vindas. Todos os sistemas de saúde que facultam a opção de partos domiciliares como alternativa para as mulheres que assim o desejam contam com sistemas de classificação de risco e disponibilizam não apenas parteiras treinadas como um bom sistema de transferência e transporte, embora não seja verdade que uma ambulância ou UTI móvel fique à porta desses domicílios (2-4). A Organização Mundial de Saúde reconhece como profissionais habilitados para prestar assistência ao parto tanto médicos como enfermeiras-obstetras e parteiras (23) e recomenda que as mulheres podem escolher ter seus partos em casa se elas têm gestações de baixo-risco, recebem o nível apropriado de cuidado e formulam planos de contingência para transferência para uma unidade de saúde devidamente equipada se surgem problemas durante o parto (24,25). Por sua vez, a Federação Internacional de Ginecologistas e Obstetras (FIGO) recomenda que “uma mulher deve dar à luz num local onde se sinta segura, e no nível mais periférico onde a assistência adequada for viável e segura” (26). Tanto o American College of Nurse Midwives(27) como a American Public Health Association(28), o Royal College of Midwives (RCM) e o Royal College of Obstetricians and Gynaecologists (RCOG) apoiam o parto domiciliar para mulheres com gestações não complicadas. De acordo com a diretriz do RCM e do RCOG, “não há motivos para que o parto domiciliar não seja oferecido a mulheres de baixo risco, uma vez que pode conferir consideráveis benefícios para estas e suas famílias” (29).

O que há de novo nos últimos anos é que o tema passou a ter maior visibilidade no Brasil, não somente com a divulgação dos partos domiciliares de algumas celebridades, mas principalmente com o constante debate nas redes sociais, permitindo que as mulheres compartilhassem suas experiências de parto, domiciliar ou hospitalar, e pudessem compará-las. Tornou-se bastante evidente que havia uma parcela crescente de mulheres insatisfeitas com o atual modelo de assistência obstétrica em nosso país, excessivamente tecnocrático e caracterizado por um lado pelas taxas de cesárea inaceitavelmente elevadas no setor privado e, por outro, pelos partos traumáticos e com excesso de intervenções no Sistema Público de Saúde. Apesar da política de Humanização da Assistência ao Parto e Nascimento preconizada pelo Ministério da Saúde no Brasil (30), é fato que o modelo atual, hospitalocêntrico e medicalocêntrico, não permite ainda à maior parte das usuárias ter uma assistência ao parto humanizada e segura. Vivemos ainda em um país onde, “quando não se corta por cima, se corta por baixo”, como bem definem Diniz e Chachan, referindo-se às cesáreas e episiotomias desnecessárias (31).

Para completar, uma em cada quatro mulheres brasileiras internadas para assistência ao parto em hospitais públicos ou privados relata ter sofrido violência institucional, traduzida por qualquer forma de agressão perpetrada pelos profissionais de saúde que lhe prestam atendimento. Essas agressões não envolvem apenas o uso de procedimentos, técnicas e exames dolorosos e desnecessários, mas até “ironias, gritos e tratamentos grosseiros com viés discriminatório quanto a classe social ou cor da pele” (32). A violência institucional durante o parto pode assumir múltiplas facetas e representa um problema internacionalmente reconhecido (33). Em diversos hospitais ainda não se permite a presença do acompanhante, mesmo com a Lei 11.108 estabelecendo a obrigatoriedade de tanto hospitais públicos como privados permitirem a presença, junto à parturiente, de um acompanhante durante todo o trabalho de parto, parto e pós-parto imediato (34).

Em contrapartida, com o crescente acesso à informação e a divulgação da realidade nua e crua do modelo de assistência obstétrica vigente no Brasil, diversas mulheres desejando uma assistência humanizada e segura para os seus partos puderam identificar outros modelos possíveis, já implementados e funcionando a contento em outros países, além de tomar conhecimento das evidências científicas comprovando efetividade e segurança dessas alternativas. Um exemplo é o modelo de assistência obstétrica conduzida por obstetrizes ou parteiras, cujos benefícios foram amplamente demonstrados em uma revisão sistemática da Biblioteca Cochrane: aqui nos referimos àquelas profissionais que fazem curso superior de Obstetrícia, as midwives em língua inglesa, sage-femmes na literatura francesa ou ainda comadronas em espanhol (35).

Essas mulheres, empoderadas e confiantes, não apenas no Brasil, mas também nos Estados Unidos e outros países em que ainda predomina o modelo tecnocrático de assistência ao parto, começaram a buscar profissionais, médicos, enfermeiras-obstetras ou parteiras, que se dispusessem a auxiliá-las nesta jornada rumo a um parto respeitoso, humanizado e seguro. Essas mulheres se deram conta de que parir em suas residências era uma alternativa possível e não apenas luxo, modismo ou excentricidade de famosas. Essas mulheres pesquisaram, leram e estudaram as evidências, e conseguiram encontrar como parceiros os profissionais que também vinham trilhando sua própria jornada transformadora(36), profissionais que se respaldavam no novo e desafiante paradigma da Saúde Baseada em Evidências e buscavam, portanto, modelos de assistência ao parto que funcionassem sob esta perspectiva ecológica e sustentável (37).

Desta forma, verificou-se um aumento do número de partos domiciliares assistidos no Brasil e nos EUA (38-40) e, embora não disponhamos ainda de estatísticas confiáveis sobre o percentual de partos domiciliares planejados em nosso país, sabe-se que nas grandes cidades equipes transdisciplinares vêm se formando e atuando para prestar assistência a esses partos. Depoimentos de mulheres até então anônimas estão disponíveis em blogs e redes sociais. Grupos e comunidades sobre Parto Domiciliar discutem abertamente este tema. Twitter, Orkut e Facebook permitiram a milhares de mulheres trocar informações e partilhar experiências. O tema é palpitante, a discussão está no ar e, como se trata de remar contra a corrente, não é de se admirar que o establishment médico reaja e conselhos e entidades de classe comecem a se manifestar, em geral com posição contrária à prática. Esta reação era previsível, assim transcorrem as revoluções científicas, assim se procedem as mudanças de paradigma: o modelo atual, embora falido e não sustentável em longo prazo, permite ainda a muitos profissionais soluções cômodas a que estes se aferram, de dentro de sua zona de conforto, como a praticidade e a conveniência de programar cesarianas eletivas sem indicação médica definida. Curiosamente, são estes os mesmos profissionais que defendem o “direito” da mulher de escolher sua via de parto, embora aparentemente este direito tenha mão única, só valha para a minoria de mulheres que desejam uma cesariana (6) e não inclua aquelas que desejam um parto normal nem tampouco se estenda para a decisão sobre o local de parto. A voz das mulheres e o seu direito de escolha têm sido grandemente ignorados (39,41).

Não é, portanto, surpreendente a publicação de uma matéria sobre este tema na citada revista de atualidades. Infelizmente, como sói acontecer com as matérias de interesse à saúde publicadas na referida revista, esta é tendenciosa, parcial e não considera ou interpreta equivocadamente as evidências científicas pertinentes. O próprio posicionamento do American College of Obstetricians and Gynecologists (ACOG) é apresentado de forma incorreta, porque em sua última diretriz esta sociedade, conquanto explicite que considera hospitais e centros de parto normal mais seguros, reconhece o DIREITO das mulheres de escolher o local do parto. Citando literalmente o resumo da diretriz, publicada em fevereiro de 2011: “Embora o Comitê de Prática Obstétrica acredite que os hospitais e centros de parto normal sejam os locais mais seguros para o nascimento, ele respeita o direito de uma mulher de tomar uma decisão medicamente informada sobre o parto. Mulheres questionando sobre o parto domiciliar planejado deveriam ser informadas sobre os seus riscos e benefícios baseados nas recentes evidências. Especificamente, elas deveriam ser informadas que embora o risco absoluto possa ser baixo, o parto domiciliar planejado está associado com um risco duas a três vezes maior de morte neonatal quando comparado com o parto hospitalar planejado. É importante que as mulheres devam ser informadas que a adequada seleção de candidatas para o parto domiciliar; a disponibilidade de enfermeiras-obstetras ou parteiras certificadas, ou médicos atuando dentro de um sistema de saúde integrado e regulado; o pronto acesso à consulta; e a garantia de transporte seguro e rápido para os hospitais mais próximos são críticos para reduzir as taxas de mortalidade perinatal e obter desfechos favoráveis do parto domiciliar.” (42)

Interessante é que há cerca de seis meses, outra revista de atualidades, esta internacional, publicou matéria sobre o parto domiciliar: no número de 31 de março de 2011, “The Economist” aborda o tema em uma bela reportagem, exemplo de bom jornalismo. Com o título “Não há nenhum lugar como o lar?” e o subtítulo “O lugar onde as mulheres dão à luz é um assunto controverso no mundo rico”, a matéria prima pelo senso crítico, pelo rigor investigativo e pela isenção, apresentando prós e contras e discutindo o mesmo estudo citado pela revista brasileira, porém com destaque às críticas que este suscitou na comunidade científica. Ao final, em vez de fazer terrorismo contra o parto domiciliar e decretar qual o melhor local de parto para todas as mulheres, uma reflexão importante: “Como em muitos outros aspectos da criação dos filhos, o nascimento ao final irá depender da escolha dos pais – se preferem as luzes brilhantes e a abundância de métodos analgésicos de um hospital ou os confortos familiares do lar.”(43)

Em relação ao estudo citado como evidência dos riscos dos partos domiciliares, no qual o ACOG se apoia para desaconselhar o parto domiciliar, trata-se de uma revisão sistemática com metanálise (12) que tem sido extremamente criticada dentro da comunidade científica, por diversos vieses e erros metodológicos e estatísticos (44-49). Não se trata de um estudo original nem tampouco inclui ensaios clínicos randomizados, apenas estudos observacionais que foram mal interpretados e incluídos ou excluídos arbitrariamente pelos autores nas análises dos desfechos considerados de interesse (49). Esta metanálise tem sido amplamente divulgada como “prova” dos riscos perinatais decorrentes de partos domiciliares e constitui a base para as recomendações do ACOG em relação às informações que devem ser apresentadas como o “estado da arte” das atuais pesquisas sobre parto domiciliar (50). Portanto, iremos discuti-la com maiores detalhes, apresentando uma síntese dos seus resultados e das críticas já publicadas nas revistas científicas internacionais, motivando até mesmo a publicação de uma errata reconhecendo erros na análise estatística(51).

A revisão sistemática de Wax e colaboradores foi apresentada inicialmente no 30º. Encontro Anual da Sociedade de Medicina Materno-Infantil de Chicago em fevereiro de 2010, publicada online no American Journal of Obstetrics and Gynecology em julho de 2010 e na versão impressa em setembro do mesmo ano (12). A metanálise incluiu 12 estudos originais e um total de 342.056 partos domiciliares e 207.551 partos hospitalares planejados. No resumo do artigo, os autores concluem que os partos domiciliares planejados se associam com menor risco de intervenções maternas, incluindo analgesia peridural, monitoração eletrônica fetal, episiotomia, parto operatório, além de menor frequência de lacerações, hemorragia e infecções. Dentre os desfechos neonatais dos partos domiciliares planejados, verificou-se menor taxa de prematuridade, baixo peso ao nascer e necessidade de ventilação assistida. No entanto, apesar de as taxas de mortalidade perinatal serem semelhantes entre partos domiciliares e partos hospitalares, os partos domiciliares se associaram com aumento de cerca de três vezes das taxas de mortalidade neonatal.

O artigo em questão gerou intensa polêmica na comunidade científica internacional, seguindo-se diversas cartas publicadas em sequência no próprio AJOG (44,46,47,52), das quais uma tem o provocativo título “Parto domiciliar triplica a taxa de morte neonatal: comunicação pública ou má ciência?” (45). Diante de todas as críticas, o AJOG resolveu investigar o estudo em questão, e a revisão pós-publicação de fato encontrou erros na análise original, embora não tenha alterado suas conclusões (51). A própria Nature se interessou pela questão, porém mesmo solicitando diversas vezes que tanto Wax como o ACOG comentassem os problemas apontados por vários especialistas, estes declinaram o convite (53). A Elsevier, editora que publica a revista, reconhece os erros, mas não acredita que estes possam motivar uma retratação (54).

Tentando resumir a enorme quantidade de críticas feitas à metanálise de Wax, podemos afirmar que, à diferença das revisões sistemáticas da Cochrane, esta não seguiu as diretrizes estabelecidas internacionalmente para condução e publicação de metanálise, como o PRISMA (Preferred Reporting Items for Systematic Reviews and Meta-Analyses) (55) ou o MOOSE (Meta-Analyses and Systematic Reviews of Observational Studies)(56). Diversos erros estatísticos foram cometidos, até porque os autores utilizaram uma calculadora para a metanálise que apresenta vários problemas, resultando em Odds Ratio e intervalos de confiança incorretos, o que foi reconhecido pelo próprio autor do programa (49). No entanto, o principal erro enviesando a análise não foi estatístico, e sim um viés de seleção dos estudos, porque os autores da metanálise excluíram o grande estudo de coorte holandês (4) do cálculo do risco de morte neonatal, embora o tenham incluído no cálculo do risco de morte perinatal. Na verdade, os dados da metanálise são contraditórios em relação à morte neonatal e perinatal basicamente porque os autores definiram morte perinatal como morte fetal depois de 20 semanas ou a morte de um recém-nascido vivo nos primeiros 28 dias de vida, em vez de nos primeiros sete dias de vida, como é a recomendação internacional! (57) Por outro lado, outros estudos usados para calcular o risco de morte neonatal foram incorretamente incluídos e outros que poderiam ter sido incluídos para o cálculo de morte perinatal foram excluídos, por razões que não ficam bem claras. Os dados utilizados para o cálculo de morte neonatal incluíram partos que não tinham sido assistidos por parteiras ou enfermeiras-obstetras certificadas, o que já se demonstrou ser fator importante para redução dos riscos (49). Mesmo revisando os dados e apresentando os gráficos em uma publicação ulterior na revista com os novos números calculados corretamente (51), isto não resolve os sérios problemas metodológicos pertinentes à definição de termos e critérios de inclusão e exclusão (49).

Em suma, como refere Keirse em seu brilhante artigo publicado na Birth em Dezembro de 2010 (“Home Birth: Gone Away, Gone Astray, and Here To Stay”) “combinar estudos de parto domiciliar e hospitalar, sem diferenciar o que está dentro deles, onde eles estão e o que os circunda, é semelhante a produzir uma salada de frutas com batatas, abacaxi e salsão”. (48)

O debate em torno do parto domiciliar, não apenas no Brasil mas em todo o mundo, tem se tornado extremamente polarizado e politizado (48), de forma que nós não esperamos que essas críticas resolvam a polêmica. De fato, pode ser difícil gerar recomendações fortes com base em evidências fracas, oriundas de estudos observacionais, mas o mínimo que profissionais e sociedades deveriam reconhecer é que também não dispomos de evidências fortes corroborando a segurança do parto hospitalar para parturientes de baixo risco e seus neonatos. O desenho de estudo ideal para avaliar uma prática ou intervenção é um ensaio clínico randomizado, e metanálises de estudos observacionais, mesmo quando bem conduzidas e sem erros grosseiros como os encontrados na metanálise de Wax e colaboradores, não têm o mesmo poder das revisões sistemáticas de ensaios clínicos randomizados, como aquelas incluídas na Biblioteca Cochrane.

No entanto, randomizar mulheres para parto domiciliar ou hospitalar é virtualmente impossível: de acordo com Keirse, essas mulheres para quem “tanto faz” parir em casa como no hospital seriam tão raras quanto elefantes brancos (48), mas mesmo que estas mulheres fossem encontradas, dificilmente as conclusões de um ensaio clínico randomizado com esta amostra poderiam ser extrapoladas para mulheres diferentes em situações e contextos clínicos diferentes. Mulheres que DESEJAM ter seus bebês em casa diferem substancialmente daquelas que escolhem um parto hospitalar, da mesma forma que os profissionais que prestam assistência a partos domiciliares ou exclusivamente a partos hospitalares também são bastante diferentes entre si (48).

Dentro do novo paradigma da Pesquisa Translacional, entretanto, em se considerando a implementação de soluções na “vida real”, dentro de uma perspectiva de sustentabilidade e em um modelo de atenção centrado no usuário, é forçoso reconhecer que outros estudos além dos ensaios clínicos randomizados são necessários, o que desafia a hierarquia tradicional da qualidade dos estudos (58). Em um ambiente acadêmico tradicionalmente dominado pelos ensaios clínicos randomizados, desponta a importância de outras abordagens tipológicas não hierárquicas (59). Identificar necessidades, aceitabilidade, efetividade e desenvolver soluções sustentáveis, eis o desafio da pesquisa em Saúde para o século XXI.

Na prática, devemos considerar que tanto gestantes como profissionais de saúde têm sempre o mesmo e primaz objetivo de garantir uma experiência de parto satisfatória, com mãe e bebê saudáveis. Por outro lado, é um direito reprodutivo básico para as mulheres poder escolher como e onde irão dar à luz (60,61). Essa escolha deve ser informada pelas melhores evidências correntemente disponíveis, e essas evidências sugerem, sem se considerar a metanálise equivocada de Wax, que o parto domiciliar é uma opção segura para as parturientes de baixo risco atendidas por profissionais qualificados. Como vantagens em relação ao parto hospitalar se destacam a menor frequência de intervenções para a mãe e o conforto e a satisfação das usuárias, que vivenciam uma experiência única e transformadora em seu próprio lar (37,39,40) As taxas de mortalidade perinatal e neonatal são semelhantes àquelas observadas em partos hospitalares de baixo risco (2-4). No entanto, a decisão final deve se basear tanto nas evidências como nas características e expectativas das gestantes, bem como na experiência e qualificação dos prestadores e nas facilidades de acesso aos serviços de saúde (25,26,28,29).

Mais importante do que criticar as mulheres que escolhem ter um parto domiciliar e condená-las por estarem transgredindo uma “regra” imaginária é discutir e implementar estratégias para aumentar a segurança e a satisfação das usuárias em TODOS os partos (48). Isto inclui tanto melhorar e humanizar a atenção hospitalar no sentido de que os partos assistidos em maternidades ou centros de parto normal possam representar uma experiência gratificante para as mulheres, como estabelecer diretrizes para a seleção adequada das candidatas ao parto domiciliar.

Fotografia: Ana Cristina Duarte

Agradecimentos: Ana Cristina Duarte, Roxana Knobel, Carla Andreucci Polido e Roselene de Araújo, pelos comentários e sugestões; Ana Paula Caldas, por ter cedido a foto e pelo exemplo inspirador.

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Esta página foi publicada em: 27/09/2011.

Fonte: http://guiadobebe.uol.com.br/parto-domiciliar-refletindo-sobre-paradigmas/

Principais pretextos para cesariana sem respaldo científico

Olá, meninas!

Esse texto foi escrito pela Dr. Melânia no Guia do Bebê e está disponível aqui e no link:

http://guiadobebe.uol.com.br/parto-normal-vs-cesarea-parte-3-principais-pretextos-para-cesariana-sem-respaldo-cientifico/

Boa leitura!,

Fer

Parto Normal vs Cesárea – (parte 3): principais pretextos para cesariana sem resplado científico

Nos artigos anteriores desta série (disponível no site: quiadobebe.uol.com.br), apresentamos a magnitude do problema das cesarianas no Brasil e comentamos que grande parte dessas cesarianas são eletivas (fora do trabalho de parto) e realizadas por pretextos que não encontram suporte na literatura científica (1-5). No presente artigo iremos discutir alguns desses pretextos.

Circular de cordão – a possibilidade de se detectar circular de cordão pela ultrassonografia tem levado a muitas indicações desnecessárias de cesariana em nosso país. No entanto, a presença de uma ou mais circulares de cordão ao nascimento representa um achado fisiológico em 20 a 37% dos bebês (6-8). Bebês saudáveis se movimentam dentro do útero e giram para um lado e para o outro, podendo formar e desfazer circulares a qualquer momento. Desta forma, é baixa a acurácia da ultrassonografia, mesmo associada à dopplervelocimetria colorida, para predizer circulares de cordão ao nascimento, uma vez que com a constante movimentação fetal, tanto um bebê com diagnóstico de circular pode nascer sem circular como o contrário, um bebê em que a ultrassonografia não detectou circular pode nascer com uma ou mais circulares de cordão. Além disso, os estudos observacionais demonstram que a presença de circular de cordão não se associa com piora do prognóstico perinatal (6-8). Em um estudo com 11.748 mulheres, a taxa de circulares ao nascimento foi de 33,7% a termo e 35,1% pós-termo. Desacelerações da frequência cardíaca fetal (FCF) intraparto foram mais frequentes na presença de circular de cordão, e eliminação de mecônio foi aumentada apenas nos casos de gestações pós-termo com múltiplas circulares. Alterações de gasimetria foram mais frequentes em bebês com circular de cordão, porém não houve aumento dos escores de Apgar menores que sete nem das admissões em UTI neonatal (8).

Desta forma, não se deve modificar a conduta obstétrica em função de um diagnóstico eventual de circular de cordão, e não é necessário pesquisar circular de cordão no exame ultrassonográfico nem anteparto nem no momento da admissão em trabalho de parto (8,9). A monitorização da FCF deve ser realizada em todas as parturientes, independente do prévio conhecimento de que existe uma circular (10). Assim, eventualmente, em caso de uma ou mais circulares cervicais apertadas levando a desacelerações da FCF, uma ausculta fetal cuidadosa pode detectar precocemente essas alterações e a conduta obstétrica nesses casos seguirá as recomendações preconizadas para uma frequência cardíaca fetal não tranquilizadora (10).

Gestação prolongada – gestação prolongada é aquela que excede 42 semanas, ocorrendo em 5% das gestações, enquanto 10% de todas as gestações se estendem além de 41 semanas (11). O prolongamento da gravidez se associa ao aumento da morbimortalidade perinatal, com maior frequência de morte perinatal, anormalidades da frequência cardíaca fetal intraparto, eliminação de mecônio e cesariana (12). No entanto, o risco absoluto de eventos perinatais desfavoráveis é baixo. Embora haja controvérsias em relação à conduta obstétrica, uma vez que alguns autores e diretrizes de sociedades recomendam indução sistemática a partir de 41 semanas e outros sugerem como alternativa a expectação com monitorização do bem estar fetal (13, 14), nenhuma diretriz específica sugere a realização de cesariana. Quando se compara conduta ativa com conduta expectante, o que se define como “conduta ativa” é a indução do parto. Em uma revisão sistemática recentemente atualizada da Biblioteca Cochrane que incluiu 19 ensaios clínicos randomizados e 7984 mulheres, os autores concluem que uma política de indução depois de 41 semanas de gravidez ou mais comparada com a conduta de expectar o início espontâneo do trabalho de parto está associada com menor risco de morte perinatal. No entanto, como o risco absoluto é extremamente baixo (2/2953), as mulheres devem ser aconselhadas em relação tanto ao risco relativo como absoluto e participar ativamente do processo de tomada de decisão em relação a uma ou outra conduta (11). Deve-se alertar que uma das consequências de interromper sistematicamente as gestações pós-termo tem sido o aumento das taxas de prematuros tardios (por erros na determinação da idade gestacional), implicando em aumento da morbidade neonatal (15).

Oligo-hidrâmnio – oligo-hidrâmnio consiste na redução do líquido amniótico, mas ainda existem lacunas na literatura sobre qual o melhor método ultrassonográfico para seu diagnóstico. Os métodos mais frequentemente usados são a avaliação subjetiva, a mensuração do índice do líquido amniótico (ILA), representado pela soma do maior bolsão de líquido em cada um dos quadrantes e a medida do maior bolsão. O diagnóstico de oligo-hidrâmnio pelo ILA é feito quando este se encontra abaixo de 5 cm. Pela medida do maior bolsão, quando se encontra um valor menor que 2 cm (15). A revisão sistemática da Cochrane sugere que a medida do maior bolsão é mais acurada que o ILA, uma vez que a medida do ILA se associa com maior frequência de oligo-hidrâmnio, maior número de induções do parto e de cesarianas, sem melhorar os desfechos perinatais (16).

A conduta na presença de oligo-hidrâmnio depende de sua etiologia, da idade gestacional no diagnóstico, da vitalidade fetal avaliada por outros métodos e da presença de outros fatores de risco associados (15). Na presença de oligo-hidrâmnio com membranas íntegras, existe a preocupação com insuficiência uteroplacentária e a literatura descreve maior frequência de eliminação de mecônio, padrões anormais de FCF intraparto e cesariana quando o ILA é menor que 5 cm. No entanto, não foram documentadas diferenças significativas em relação aos escores de Apgar  e admissão em UTI neonatal (17).

Na ausência de comprometimento da vitalidade fetal, a presença de oligo-hidrâmnio pode indicar a indução do parto, a depender da idade gestacional e da associação com outras condições mórbidas (p.ex. pré-eclâmpsia e restrição do crescimento fetal). O achado isolado de oligo-hidrâmnio, principalmente a termo, não representa indicação de cesariana. Esta pode estar indicada se há alteração das outras provas de vitalidade fetal, como cardiotocografia, outras variáveis do perfil biofísico fetal (PBF) e dopplervelocimetria da circulação fetal. A antecipação do parto pode ser necessária nos casos graves de oligo-hidrâmnio associado com restrição de crescimento  fetal mesmo em idade gestacional precoce. Nesses casos, a decisão pela via de parto deve se basear na condição fetal avaliada pelas provas de vitalidade fetal, especialmente a dopplervelocimetria, no peso e no prognóstico fetal, além da opinião materna (15, 19).

Macrossomia – define-se como macrossomia um peso ao nascer maior ou igual que 4000g, de forma que o diagnóstico definitivo só pode ser firmado depois do nascimento. A ultrassonografia, entretanto, permite a estimativa do peso fetal e tem sido usada em alguns estudos para a predição da macrossomia (20). A macrossomia fetal encontra-se associada com aumento do risco de morbidade materna e perinatal, especialmente paralisia de Erb e distocia de ombro, em relação àquela observada para os conceptos com peso adequado para a idade gestacional (21). No entanto, esse aumento do risco é mais evidente em gestações complicadas por diabetes (22), devendo-se diferenciar os bebês macrossômicos constitucionais daqueles filhos de mães diabéticas. Além do mais, a distocia de ombro representa uma condição imprevisível (23) e 50% dos casos acontecem em bebês com peso normal (24).

Desta forma, a macrossomia fetal per se não constitui indicação de cesariana. Sugerem-se benefícios da cesariana eletiva em fetos de gestantes diabéticas quando a estimativa ultrassonográfica excede 4.500g e em fetos de mães não diabéticas quando essa estimativa excede 5.000g. Esta tem sido a recomendação do American College of Obstetricians and Gynecologists – ACOG (25). Mesmo assim, seriam necessárias mais de 1.000 cesáreas para prevenir um único caso de lesão do plexo braquial, de forma que a indicação de cesariana nesses casos deve ser tomada em conjunto com a gestante, depois de esclarecimento dos possíveis riscos e benefícios associados (26). A indução do parto na suspeita de macrossomia fetal também não está indicada, de acordo com os resultados de uma revisão sistemática da Biblioteca Cochrane (26). Destaca-se, sobretudo, que a ultrassonografia tem acurácia limitada para estimar adequadamente o peso fetal a termo, e não deve ser empregada rotineiramente com esta finalidade, porque pode levar a cesarianas desnecessárias pela suspeita de macrossomia (27).

Prematuridade – a alegação de que em casos de prematuridade extrema haveria uma indicação de cesárea para proteger o delicado encéfalo fetal não encontra respaldo na literatura. A via de parto não influencia significativamente o desfecho neonatal em fetos vivos em apresentação cefálica entre a 24ª e a 28ª semana de gravidez (28). Realizar cesariana como rotina para partos pré-termo associa-se com aumento da morbidade materna e pode provocar um nascimento evitável, pois em casos de trabalho de parto prematuro espontâneo este poderia ser inibido (29), permitindo o uso de estratégias efetivas que realmente conferem neuroproteção, como corticoide (30) e sulfato de magnésio (31). A revisão sistemática da Cochrane não evidencia efeitos benéficos em termos de desfechos perinatais com a cesariana, que se associa, entretanto, com expressivo aumento da morbidade materna (32). Por outro lado, as evidências sobre a melhor via de parto em caso de conceptos prematuros em apresentação pélvica são escassas, apenas quatro ensaios clínicos randomizados foram publicados, somente um foi concluído e nenhum teve poder suficiente para chegar a conclusões satisfatórias (33). A maioria das diretrizes de sociedades recomenda cesariana para conceptos prematuros viáveis em apresentação pélvica. Abaixo dos limites de viabilidade, que variam conforme a região e a complexidade de cada serviço, cesariana não deve ser realizada porque a excessiva morbidade materna não se justifica face à reduzida probabilidade de sobrevida dos conceptos (34).

Baixo peso – recém-nascidos de baixo peso (menor que 2500g e muito baixo peso ao nascer (menor que 1500g) apresentam risco aumentado de cesariana. No entanto, os estudos sugerem que a cesariana não traz benefícios para esses conceptos quando o único achado é o baixo peso. Uma revisão sistemática da Cochrane envolveu seis ensaios clínicos randomizados e apenas 122 gestantes, encontrando-se maior risco de pH baixo no sangue do cordão entre os nascidos por cesariana, sem diferença significativa em relação a outros desfechos perinatais, porém com aumento expressivo da morbidade materna (32). Também não se recomenda cesariana de rotina para os conceptos pequenos para a idade gestacional, condição que pode refletir restrição do crescimento fetal, porque apesar de esses conceptos apresentarem maior risco de morbimortalidade neonatal, um possível efeito benéfico da cesariana para melhorar esses desfechos ainda não foi determinado (35)

Envelhecimento placentário precoce – o termo “envelhecimento placentário precoce” foi criado com base na classificação original de Grannum (graus zero, I, II e III de placenta), que nunca descreveu esta condição (36), mas alguns autores passaram a utilizá-lo para descrever uma situação em que o grau placentário antecede a idade gestacional esperada (37). Esta nomenclatura pode gerar angústia para as pacientes e muitas vezes para os obstetras, que podem indicar cesarianas desnecessárias, principalmente em fetos prematuros. No entanto, outros estudos indicam que a classificação de Grannum é de limitado valor para determinar tanto a maturidade fetal como possíveis desfechos adversos, sugerindo que o aumento do grau placentário se deve à maturação normal das placentas (38, 39).  Tem sido descrito que a presença de placenta grau III entre 31 e 34 semanas se associa com maior risco de restrição de crescimento fetal, hipertensão, sofrimento fetal, baixo peso ao nascer e baixos escores de Apgar no 5º. minuto (40, 41) porém o prognóstico perinatal não depende do grau placentário por si só, mas sim das complicações clínico-obstétricas associadas (41).

Desta forma, o envelhecimento placentário precoce isolado não é indicação de cesariana, sendo o parto vaginal recomendado. Na presença de outros fatores associados, como oligo-hidrâmnio, restrição de crescimento fetal, pré-eclâmpsia ou centralização fetal, deve-se seguir as orientações de cada condição clínica. Da mesma forma que ultrassonografia na segunda metade da gravidez não está indicada de rotina em gestações de baixo risco, também não se indica a pesquisa do grau placentário sem uma indicação específica (42).

Na verdade, em se tratando de um procedimento cirúrgico invasivo, a decisão para a realização de uma cesariana deve ser criteriosa e sempre discutida com a paciente. É necessário prover informações com base em evidências para as gestantes durante o período pré-natal de forma acessível, levando em conta as suas características e expectativas. A discussão deve envolver indicações, procedimentos envolvidos, riscos e benefícios associados, implicações para futuras gestações e partos depois de uma cesariana (19). Neste sentido, desmistificar os pretextos que são frequentemente utilizados para indicar uma cesariana sem respaldo científico pode contribuir para o empoderamento e o resgate da autonomia feminina, permitindo que realmente a mulher tome parte do processo de decisão, embasada no conhecimento das evidências mais atualizadas sobre o tema.

No próximo artigo, abordaremos especificamente outra frequente indicação de cesariana que não é respaldada por evidências científicas sólidas: uma ou mais cesarianas anteriores. Na oportunidade, discutiremos riscos e benefícios do parto vaginal depois de uma cesariana (ou, em inglês, vaginal birth after cesarean – VBAC). Condições clínicas como hipertensão, diabetes e cardiopatia materna serão abordadas no artigo seguinte. O artigo final abordará as medidas e estratégias que podem ser adotadas para reduzir a incidência de cesariana.

Nota: grande parte dos comentários deste artigo basearam-se em uma revisão da literatura publicada pela colunista na Revista FEMINA em parceria com colaboradores do Instituto de Medicina Integral Prof. Fernando Figueira e intitulada “Condições frequentemente associadas com cesariana, sem respaldo científico” (19).

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Esta página foi publicada originalmente em: 12/07/2011.

Parto natural e bebê enorme

Muito legal essa notícia!

Dá pano pra manga nas discussões sobre o efeito da anestesia nos partos… e a real necessidade dela!

Beijos!

Mulher dá à luz bebê de mais de seis quilos sem anestesia

 Peso da criança é quase o dobro da média dos demais recém-nascidos

Crescer

  Reprodução

Zachary Huxtable nasceu, na última quinta-feira, com 6,2 quilos – o que faz com ele seja considerado um dos maiores bebês da Grã Bretanha. O peso do menino é quase o dobro da média de outros recém nascidos e ele tem de usar roupas indicadas para crianças de seis a nove meses. A história chama ainda mais atenção porque o parto de Zachary foi natural e a sua mãe sequer tomou anestesia. “Tive muitas dores nas costas depois de ter tomado a epidural durante o parto da minha primeira filha, Ellie, por isso não quis anestesia dessa vez”, contou Rosie ao jornal britânico Daily Mail.

Aliás, já na primeira gravidez a mulher deu à luz uma criança grande: Ellie, que hoje tem 14 meses, nasceu com 4,8 quilos. Para a avó das crianças, Katherine, a filha “tem quadris feitos para ter filhos”. O pai das crianças, Matthew, contou ao jornal que os ultrassons feitos durante a gravidez já mostravam que Zachary seria grande, mas eles não imaginavam que seria tanto. “Tivemos de comprar todas as roupas de novo. Nada que tínhamos em casa servia”. Mãe e filho passam bem e devem ir para casa amanhã.

No Brasil, um bebê gigante também nasceu nesse ano. Gustavo Pereira veio ao mundo em março com 6,75 quilos e 54 centímetros, em Salvador. Mas, nesse caso, foi por meio de uma cesárea. Você conhece algum caso semelhante?

Fonte: > http://revistacrescer.globo.com/Revista/Crescer/1,,EMI272228-17729,00.html

Parto Natural Domiciliar – Nasceu Clarissa

O Parto da Parteira Mexicana Naolí Vinaver

Reflexões sobre o Parto Normal

Queridas gestantes, minhas amigas, futuras parturientes.

Falo a vocês que, em menor ou maior grau, desejam um parto normal.

As que desejam de certa forma, passar pela quantidade mínima, considerada segura, de intervenções.

Nós sabemos que o parto cirúrgico é uma intervenção de grandes proporções no parto humano. Sabemos que corta 7 camadas de tecidos, que o bebê não se aproveita de todos os benefícios envolvidos nas contrações uterinas, onde seus órgãos internos são massageados vigorosamente, fazendo-os “acordar” para enfrentar o novo mundo que em breve se descortinará, sendo o último órgão a ser massageado o próprio pulmão, justamente no canal de passagem.

O parto cirúrgico especialmente aquele marcado com antecedência, impede, de forma contundente que o bebê dê sinais de que está pronto, fazendo assim que seja elevada a possibilidade de se fazer nascer uma criança que ainda não está à termo, ou seja, prematura.

Sei de mulheres que em maior ou menos grau, lidam bem com a cirurgia em si. No entanto, ademais dos riscos físicos para mãe e bebê, envolvidos em um processo cirúrgico, ficam aqueles riscos dos processos emocionais, psicológicos e espirituais envolvidos.

Mas tudo isso, nós já sabemos. E vocês já sabem e desejam um parto normal.

Então meu desejo hoje é falar com vocês sobre o parto normal.

Ele é infinitamente mais desejável que o parto cirúrgico, sua recuperação é claramente mais rápida, fácil e segura.

Mas nem por isso, deixa de envolver riscos (como tudo na vida).

A informação, hoje, sobre os processos envolvidos no ato de nascer, seja lá onde se escolha parir, não estão disponíveis largamente e discutidas suficientemente em sociedade para que estejamos seguras de nossas escolhas.

Mormente, os médicos se adonaram do parto e eles “fazem o parto” conforme aprenderam.

Aprenderam que a mulher para ter “passagem”precisa na maioria das vezes de um corte que deixa marcas na vagina da mulher, por lhe cortar as fibras musculares, mas é raríssimo haver um médico que ensine à sua gestante, durante o pré-natal que ficar de cócoras o máximo de tempo possível, e fazer exercícios para o assoalho pélvico podem reduzir consideravelmente as possibilidades de laceração. Poderiam também orientar, no momento da expulsão do bebê a não fazer força, e simplesmente respirar, que o corpo e o bebê trabalham em harmonia e a força somente deve ser feita ao se sentir os puxos, que é quando a mulher sente uma vontade irresistível de fazer força. Mas é a MULHER que sabe quando deve fazer e em que intensidade. Nesse caso, a ansiedade da equipe deve estar bem controlada, os medos esclarecidos, as necessidades de todos bem ponderadas e a mulher, consciente de todo o processo pelo qual seu corpo está passando.

O procedimento de cortar é chamado de episiotomia, ele é feito em sua maioria, como procedimento de rotina.

Quero deixar claro que não estou defendendo este ou aquele jeito de parir, mas me coloco aqui e frente à ausência de informação quando o assunto é os “comos” as coisas são feitas no chamado momento P.

No parto normal também é efetuado como rotina a indução, especialmente se a mulher chega ao hospital/maternidade com bolsa rota (já estourou a bolsa) e com poucos centímetros de dilatação. Em princípio pode parecer uma coisa boa, pois se a bolsa rompeu o bebê precisa sair logo! É o que pensa a equipe. E colocam a parturiente a tomar o famoso sorinho. Esse soro é um hormônio chamado icitocina sintética.

Nosso corpo produz durante todo o trabalho de parto e em doses “cavalares” durante o período expulsivo o hormônio ocitocina, também conhecido como hormônio do amor. É conhecido assim porque É O MESMO HORMÔNIO EXCRETADO NO ORGANISMO DURANTE E APÓS A RELAÇÃO SEXUAL e provoca aquela agradável sensação de bem estar e ligação íntima. Assim, ao trocarmos o nosso pelo sintético estamos impedindo que o nosso faça o seu sublime dever.

Agora uma pausa, um parêntesis – vamos imaginar uma coisa: quando fazemos amor, uma relação sexual – imaginem… luz de velas… jantar íntimo… clima… sussurros… e… final feliz!

Fácil de imaginar?

O hormônio maestro dessa harmonia toda é a ocitocina!

O mesminho, sem tirar nem pôr, do parto.

Agora imaginem de novo – você com seu bem, a pessoa que você ama aconchegada nos braços, um escurinho… de repente, sem aviso prévio, alguém acende a luz, entra pela porta e toca em vocês só pra ver se está tudo caminhando “como deveria”. Será que quebrou o clima?

Ok, a pessoa só está cumprindo com o dever dela, está monitorando sua relação, você racionalmente até compreende isso, mas… Cadê?? Pra onde foram os olhares apaixonados? E as palavras de carinho? Será que se assustaram? Tudo bem! Nós somos adultos! Vamos recomeçar. Só que o monitoramento ocorre a todo o momento… a ocitocina? Bem… essa também precisa de clima pra se manifestar.

Olhando as coisas por esse ângulo, Leboyer estava certíssimo ao incluir a penumbra como fator humanizador do parto.

Outro procedimento é a raspagem dos pêlos pubianos, chamada de tricotomia e a lavagem dos intestinos, chamada de enema, que também não configuram necessidade, conforme a medicina baseada em evidências hoje afirma.

Bom, enquanto pesquisava alguma maternidade onde pudesse parir minha filha, me informaram que os procedimentos de rotina, especialmente os citados acima – aplicação de ocitocina sintética, tricotomia, enema e episiotomia, são negociáveis!

Que a mãe pode parir até sem passar por alguns deles (como o sorinho, por exemplo), mas os procedimentos de rotina com a criança, eles não abriam mão. Na hora gelei. Procedimentos de rotina com o bebê?? Quais são? – além de medir e pesar: lavagem estomacal, intestinal, aspiração, banho, berçário para observação, injeção de vitamina K, pingar colírio de nitrato de prata e se demorar para ir para os braços da mãe: leite artificial e soro glicosado. O quê?? E o meu leitinho? Pensei. Naquele momento resolvi lutar pelo meu parto, do jeito como eu imaginava ser digno para a minha filha nascer.

Verifiquei a real necessidade de cada um desses procedimentos e sua origem e me senti segura para afirmar que minha filha não precisaria de nenhum deles. A única coisa que ela precisaria ao nascer era dos meus braços, meu colo e meu peito.

Eu tenho vontade de anunciar o que vem sendo recomendado pela Organização Mundial de Saúde e o que vem sendo praticado nos países desenvolvidos que é: em gestação de baixo risco, o mais seguro é parir em casa. Existe uma série de motivos para essa recomendação e uma delas é a cascata de intervenções executadas com a mãe que pode transformar o parto normal em cesariana. Mas vejo que isso é uma ooooutra história. Por enquanto me contento em dar meu ponto de vista sobre o que significa cascata de intervenções.

Queridas amigas, embora tenha muita vontade de apregoar o parto domiciliar, não o faço, pois reconheço as grandes limitações de todo nosso sistema de saúde, no entanto, sinto que é muito importante a gestante ter pleno conhecimento do que é feito em maternidades e hospitais e assim, assumir os riscos que envolvem parir nesses lugares. Eu assumi um risco também. Como tudo na vida. Viver é um risco, mas ao atravessar a rua, a gente sempre olha para os dois lados. Todas as informações aqui podem e devem ser cotejadas em fontes seguras. Tudo que escrevi aqui é fruto de minhas pesquisas para o parto da minha filha. Grande abraço. Fernanda.

Por que “cascata de intervenções”?

Diz-se cascatas de intervenções, pois, uma leva à outra. Ocitocina artificial potencializa muito as dores, muitas dores leva à anestesia, anestesia pode levar à ineficácia das contrações, o que leva à insensibilidade do momento de empurrar. Momento de empurrar (expulsivo) longo é igual a sofrimento fetal. Sofrimento fetal é igual à cesariana.

Quando a mulher é deixada em paz, sendo respeitosamente assistida, o seu corpo vai “dizendo” o que ela deve fazer, em que posições ficar, como se movimentar. O respeito e a tranqüilidade geram ambiente para a ocitocina trabalhar. E assim, aos poucos, a dilatação encontra lugar em seu corpo.

Olá, mundo!

Olá querid@s!

Falo assim, mais no feminino porque é esse universo que quero abordar. Vou falar de mim, das minhas experiências e do que acho interessante. Isso tudo no Universo feminino, materno, de mãe, mulher.

Também quero dar vislumbres aqui do que encontro de interessante na net sobre o assunto. Tem muita mãe antenada com sua cria, postando informação de qualidade, compartilhando e colaborando no empoderamento de tantas como eu, que sorvi ávidamente, durante a minha primeira gestação da minha primeira filha, informações preciosas para que pudesse realizar o meu parto da forma como sempre desejei – em casa, cercada somente de pessoas queridas, com todo o respeito, calma, carinho, harmonia, com meu marido ao meu lado e sem nenhuma intervenção, nem comigo nem com minha filha. Uma bênção que vou agradecer a Deus eternamente. Mas isso é assunto para o meu relato de parto.

Ademais, quero postar por aqui minha experiência como mãe nesses 8 meses de vida fora do útero da minha filha Clarissa. Temos já alguma história pra contar – como nossa experiência com as fraldas de pano, com a Elimination Comunication, uso do sling, colo e peito em livre demanda, inserção de sólidos e coisas corriqueiras, como registrar que hoje ela se sentou sozinha pela primeira vez. Mas Clarissa não se deixa ofuscar pelos flashs da mamãe e do papai. Só repete um movimento quando bem entende. É assim: sabe virar, mas só vira quando bem quer. Sabe levantar, mas não fica fazendo força só pra conseguir de novo. Um sossego. Interessante. São só observações. E aqui, só um roteiro, breve, de como pretendo começar.

Grande Abraço e que A Grande Mãe nos ilumine a todas, despertando em nós mulheres nossa porção divina do nosso feminino.

Saudações,

Fernanda