Estranhamentos

Nessa manhã inteira 3 dias dos seus 11 meses. Na primeira manhã, estranheza total. Nem sombra do costumeiro sorriso matinal. Acorda em choro sentido. Suave febre. Já sei. Dentinhos anunciam a subida. Passamos o dia assim. Eu a maternar indefinidamente. Colo, colo, colo. Peito, peito, peito. Somente pelo meio da tarde me dou conta de que o que comi durante o dia não me fará ficar de pé. Converso com ela e ela fica por alguns minutos sentada sem mim, a observar meu rápido preparo de algum alimento mais consistente para mim. De volta e assim ficamos. Juntas como durante o dia todo pela noite adentro. Amanhece novamente. 2º dia. Já vemos seu sorriso. Ainda banguela. Um pouco desconfiado… como ainda não o conhecíamos. Somente abertíssimo. Noite chega. Dorme com facilidade. Algo se prenuncia. Estranho dormir tão rápido. Normalmente peito, peito. Dorme e depois, com cuidado….cama…. Hoje, peito, peito, recontorce, cama, abre os olhinhos e dorme. Sem reclamar. Estranho. Antes seria choro que pede por mais colo e peito. Sempre foi assim. Dorme direto 3 horas. Estranho. Não dormia tanto desde que… bem, simplesmente não é(era) comum a dormida se estender por mais que 2 horas. Resmungo. Vou ver. Mamá. Chora. Como demora a se consolar. Depois de tantas tentativas percebo que a velha fórmula peito e deitar em cima da barriga não funciona mais, pelo menos hoje. Ela quer dormir sozinha. E sente sede. E toma água e aprende a dizer mais. Mais filha? – Mais. E toma mais água. Troca as lágrimas por um sorriso de contentamento e alívio ao sentir sua sede saciada. Estranho. Desde a tarde já sentia roçar na colher coroa do pequeno rei albino – primeiro dente dos lácteos rebentou. E assim foi também no copo de vidro daonde bebeu sua água. E dormiu. Ao meu lado, ouvindo minha voz a cantarolar, como sempre faço. Única intervenção em seu sono que me permitiu. Não foi embalada, nem ninada, nem amamentada. Pude afaga-la. Ah, isso também eu pude fazer. E ela escolheu sua posição. E ocupou o espaço que determinou. Acorda novamente. Antes seria para mamar. Hoje, para beber água. Eu, movida pelo hábito, tento conduzir para o retorno ao sono. Novamente não é possível. Choro. Protesto. Administro a homeopatia receitada para a dentição. Ela, faceira por ser compreendida nesse ato. Ela novamente escolhe sua posição. Sou levada a assistir essa nova autonomia, nascida junto com seu primeiro dentinho. Dorme sem me solicitar novamente. Eu mãeravilhada venho aqui. Preciso desabafar. Contentamento/estranhamento. Minha filha anuncia novos tempos. Novas etapas. Meu coração dorme junto do seu. Assisto feliz ao dia nascer junto com mais essa nova descoberta.

Contemplação

Você tem uma coisa que é interessante… se senta, recosta, e contempla. Fez isso nesse exato momento. Sentou-se à beira da porta de correr da sala que dá para fora, reclinou-se na cadeira que está ali porque me prestou apoio na hora de estender e recolher a roupa, reclinou-se e olhou lá para fora. Às vezes faz isso… somente observa. Comtempla. Em silêncio profundo… o olhar longe. Para onde viaja seu pensamento? Do que se recorda? Daí fico olhando e você olha para mim, saindo da sua absorção, voltando para fora novamente. Eita menina interessante! =)