Outras perguntas para testar seu obstetra

Essas eu encontrei nas minhas andanças durante a gestação.

 - Se você pretende de fato ter um parto normal, sem riscos desnecessários para o seu bebê, seguem 5 perguntinhas básicas para verificar se o seu obstetra tá no mesmo pique:

 

Por Ana Cristina Duarte, consultoria, Jorge Kuhn, médico obstetra

 

 

1) Doutor, quais as chances de eu ter um parto normal?

 

Resposta certa: 90%, pelo menos;

 

Resposta errada: ainda não dá pra saber, depende de como o parto vai caminhando, porque se der algum problema, não posso deixar você e seu filho morrerem, a gente só sabe na hora mesmo...

 

 

2) Doutor, quanto tempo dá pra esperar depois da bolsa romper?

 

Resposta certa: até 96 horas (4 dias), de acordo com o protocolo inglês, ou até 24 horas de acordo com os protolos mais conservadores, desde que o seu bebê esteja bem. Talvez a gente tenha que administrar um antibiótico se depois de 6 horas de bolsa rompida você não tiver entrado em trabalho de parto. E se você não entrar em trabalho de parto espontaneamente após esse prazo, a gente tem que induzir.

 

Resposta errada: 4 horas, 6 horas no máximo, senão o bebê pode pegar uma infecção mortal!!! E nem adianta induzir. Não nasceu em 6 horas, não nasce mais, pode fazer cesárea!

 

 

3) Doutor, a anestesia não dá problema no parto?

 

Resposta certa: ela pode atrasar um pouco o parto e aumentar a chance do uso de fórceps. Eu prefiro que a gente deixe a decisão para o mais tarde possível. E se o parto puder ser sem anestesia, melhor ainda!

 

Resposta errada: não! Hoje em dia a anestesia é super segura, feita bem embaixo para você poder ter todas as sensações, mas não sentir a dor. Eu mesmo só faço parto normal com anestesia, porque não gosto de ver paciente minha sofrendo...

 

 

4) Doutor, e se passar de 40 semanas?

 

Resposta certa: a gente vai esperando e monitorando o bem-estar do bebê, pois nunca aconteceu de um bebê ficar na barriga até a infância. Uma hora tem que nascer. Se a gente vê que lá dentro não está tão seguro, então a gente induz (estimula as contrações uterinas). Mas isso dificilmente acontece antes de entrar na 42ª semana.

 

Resposta errada: a gente induz quando completar 40 semanas, porque depois disso o bebê pode morrer dentro da sua barriga... ou pior... bom, senão entrou em trabalho de parto até 40 semanas, é porque não vai mais entrar. Tem que ser por cesárea mesmo.

 

 

5) Doutor, a cesárea é arriscada?

 

Resposta certa: veja bem, a cesárea é uma cirurgia e tem os riscos de uma cirurgia. O parto vaginal não corta seu abdômen, não há grandes perdas sangüíneas, é um processo fisiológico e de rápida recuperação. A cesárea é uma cirurgia cada vez mais segura, mas ainda assim traz 4 vezes maior taxa de mortalidade do que um parto normal.

 

Resposta errada: não, hoje em dia a cesárea está superdesenvolvida e quando acontece alguma coisa é muito simples corrigir. E geralmente essas histórias que a gente ouve de cesáreas que deram problema, foi por imperícia de alguém. Eu mesmo nunca tive um problema mais sério fazendo cesárea. Mesmo as hemorragias, choques e convulsões foram resolvidos com alguns procedimentos.

 

 

Agora é com você!                                                            3 fevereiro 2008

Teste seu médico

Olá amigas gestantes e quase parturientes! =)

 

Durante a gestação da Clarissa, nas minhas pesquisas para o parto, encontrei o teste abaixo, e fiquei imaginando…por que alguém se daria o trabalho de elaborar um teste pra saber se o médico é mesmo a favor de parto normal. Humm… a partir das questões abaixo, fui levantando meus próprios questionamentos. Levei na próxima consulta que tinha marcada e o resultado foi esclarecedor.

 

Boa leitura!

 

Teste seu médico

Essa é uma lista bem humorada de perguntas a se fazer ao seu obstetra. Na verdade é um teste para verificar que tipo de médico ele é: do mais intervencionista ao mais liberal. Apesar do tom informal, as “respostas certas” foram inspiradas nas evidências científicas e nas recomendações da Organização Mundial da Saúde.

1) Qual a sua postura em relação à “cesárea x parto normal”?
a) O parto normal é o melhor, mas só dá para saber na hora.
b) Hoje em dia não faz sentido ter bebê por parto normal, com as técnicas de cirurgia tão avançadas e seguras. A recuperação é rápida e graças aos novos antibióticos, antinflamatórios, antitérmicos e analgésicos, você pode ter uma vida quase normal em menos de 2 meses.
c) O parto normal é melhor, mas na sua idade (ou com o seu peso, ou nessa época do ano, ou para uma pessoa sensível como você) a cesárea é mais garantida.
d) O parto normal é melhor e pelo menos 90% das mulheres podem dar à luz naturalmente. Você também tem tudo para ter um parto normal e nós vamos nos preparar para isso!

2) Quais intervenções no parto você considera essenciais?
a) O que eu uso nos partos é o soro com ocitocina (hormônio) para acelerar as contrações, episiotomia (corte no períneo) e rompimento da bolsa aos 5 cm de dilatação. Mas às vezes tenho outras idéias durante o parto. Depende do dia e dos meus compromissos.
b) Eu uso as intervenções apenas em raros casos, até porque a maioria delas podem ter efeitos colaterais indesejáveis. A natureza pensou em tudo, para a grande maioria das mulheres.
c) Só a anestesia, porque acho que a mulher não deve sentir dor. O resto varia de mulher para mulher.
d) Só a episiotomia, porque o parto pode destruir a vagina da mulher e provocar incontinência urinária.

3) Em que posição posso dar à luz? Posso ter um parto de cócoras?
a) Ra ra ra ra…. Parto de cócoras? Você não é índia, é? A mulher de hoje não tem musculatura para ficar de cócoras. Você quer ser partida ao meio, minha filha?
b) Semi-reclinada, pois no centro obstétrico da maternidade onde atendo, tem uma mesa de parto que permite que a paciente eleve um pouco as costas.
c) Da forma que você se sentir mais confortável, podendo ser de cócoras, de quatro, de lado ou de outro jeito que você inventar. A única posição que eu procuro não incentivar é deitada, porque o bebê pode ter o suprimento de oxigênio comprometido.
d) Como assim? Existe outra posição para dar à luz que não seja deitada?

4) Qual será sua postura caso eu recuse alguns procedimentos que você esteja recomendando?
a) O parto é seu. Você decide o que é melhor. Se eu indicar um procedimento, vou te explicar porque, vantagens e desvantagens, mas quem tem que resolver é você.
b) Eu não recomendo procedimentos. Eu faço. Na hora do parto você não tem condições de discutir o que é bom para você. Aliás, desde o início da gravidez a mulher tem o comportamento alterado, bem como a capacidade de discernimento.
c) Eu terei que abandonar o atendimento e chamar um plantonista, pois não quero me responsabilizar pelas desgraças que podem acontecer ao seu bebê.
d) Você não tem o direito de recusar um procedimento que está sendo prescrito para o bem do seu bebê.

5) Até quanto tempo você espera na gestação antes de indicar procedimentos por “passar da data”?
a) Eu espero até 40 semanas. Depois disso faço a cesárea. Nem tento a indução, porque é tempo perdido. Ou você prefere arriscar a vida do seu filho e viver com esse peso pro resto dos seus dias?
b) A gestação normal vai de 38 a 42 semanas. O que eu proponho é um cuidado mais intenso depois que passa de 41 semanas. Mas a princípio, enquanto o bebê e a placenta estiverem bem, eu não faço nada. Passadas 42 semanas, podemos começar a pensar em indução do parto.
c) Eu espero até 40 semanas. Depois disso interno para induzir com soro.
d) Eu espero até 41 semanas e depois interno para induzir com citotec.

6) Você tem o hábito de pedir permissão e informar tudo o que você acha necessário fazer durante a gestação e o parto?
a) Como assim, pedir permissão? Eu estudei 10 anos, trabalho há 15 anos com partos e sei o que estou fazendo. Se for pedir permissão para fazer tudo, vou passar o dia nessa lenga-lenga com minhas pacientes.
b) Só peço permissão quando acho que o procedimento vai doer.
c) Não faço nem um exame vaginal sem pedir permissão, pois o corpo é seu, o parto é seu. Meu dever é fazer o melhor, desde que você me permita e entenda o que está acontecendo.
d) Depende do dia, pois às vezes depois de 2 plantões seguidos, eu fico meio impaciente.

7) Qual é a sua taxa de cesáreas?
a) Não sei, não tenho contado ultimamente… Se é alto? Não considero alto, porque hoje em dia as mulheres só querem cesárea. A culpa não é minha. Elas já chegam com uma idéia pré-concebida.
b) Minha taxa de cesárea é baixa, cerca de 40-45%…
c) A taxa é de 20%.. De partos normais..
d) Minha taxa de cesárea está perto de 25%, o que ainda considero alta, mas estou tomando algumas providências para tentar baixar para os 15% recomendados pela Organização Mundial da Saúde

8) Posso levar meu marido e uma acompanhante (doula) para o meu parto?
a) Por mim você pode levar qualquer pessoa que faça você se sentir segura e tranqüila.
b) Porque? Você vai dar uma festinha no centro obstétrico? Quer ver seu marido desmaiando? Eu acho que um acompanhante já é muito.
c) Pode levar só o marido, mas só depois que ele fizer a preparação comigo, porque eu quero um aliado, não um inimigo me vigiando.
d) Não, eu acho que acompanhantes atrapalham, perturbam o ambiente, fazem muita pergunta, deixam a mulher insegura, ficam questionando o médico. Eu não atendo a família, eu atendo a gestante!

9) Você acha possível um parto normal depois de uma cesárea?
a) Você está louca? Quem andou falando uma bobagem dessas para você? Deixa disso, minha filha, isso é coisa de natureba inconseqüente.
b) É possível, mas tem que usar fórceps para não ter um período expulsivo prolongado.
c) É possível se o trabalho de parto não passar de 4 horas.
d) É possível e é uma ótima opção, com grandes chances de dar certo.

10) Você acha que tendo uma gestação de baixo risco posso ter meu bebê em casa?
a) Sim, o local do parto deve ser escolhido por você e seu marido. Se essa f or sua opção, devemos tomar algumas precauções, como ter um hospital relativamente perto para o caso de precisarmos de remoção. Mas geralmente não há necessidade.
b) Sim, mas eu não atendo partos domiciliares. Posso tentar te indicar um médico que faça.
c) Você enlouqueceu? Quer matar seu bebê? Quer se matar? Já pensou como é agradável sangrar até a morte com sua família te olhando sem ter o que fazer?
d) Sim, mas é muito arriscado. Muito mesmo. Você está com idéias muito românticas sobre o parto. Deveria fincar os pés no chão.

11) Devo fazer um curso de preparação para o parto?
a) É bom, não porque você não sabe o que é certo, mas o curso vai te dar dicas preciosas, vai te dar boas sugestões para um parto agradável, vai te dar dicas de amamentação. No mais, você vai entrar em contato com outras gestantes, o que pode ser uma experiência bastante enriquecedora.
b) Bobagem. Na hora eu te digo o que é certo ou errado. Eu estudei 10 anos, pratiquei mais 15 e te garanto que sei fazer um parto. É só você ficar deitada quietinha que tudo vai dar certo.
c) Faça apenas o curso do hospital, para saber onde é a entrada, como são as rotinas do hospital, como se comportar e o que esperar.
d) Tanto faz. Você também pode ler essas revistas para mãezinhas que tem todas as dicas que você precisa de enxoval, decoração, exames médicos e tal.

12) Quantos exames de ultrassom eu devo fazer ao longo da gestação?
a) O ideal é fazer em todas as consultas e por isso eu já tenho um aparelho aqui no consultório. A gente já vai vendo a carinha do bebê, como ele se mexe, todas as partes do corpo e tudo o mais.
b) Você deve fazer pelo menos 4 para ver se o crescimento do bebê está bom.
c) Eu recomendo fazer o menor número possível de exames, pois ainda não foi totalmente provado que o ultrassom é inóquo. Algumas pesquisas apontam para uma posssível alteraçao no cérebro em bebês que passam por muitos exames na gestação. Só vou pedir esses exames se tivermos que confirmar algum diagnóstico.
d) O máximo que o seu plano de saúde permitir antes de vir aqui me atazanar a paciência.

Resultados – some os pontos:
1- a(2) / b(1) / c(2) / d(3)
2- a(1) / b(3) / c(2) / d(2)
3- a(1) / b(2) / c(3) / d(1)
4- a(3) / b(1) / c(2) / d(1)
5- a(1) / b(4) / c(2) / d(3)
6- a(1) / b(2) / c(3) / d(1)
7- a(1) / b(2) / c(1) / d(3)
8- a(3) / b(1) / c(2) / d(1)
9- a(1) / b(2) / c(2) / d(3)
10- a(3) / b(2) / c(1) / d(2)
11- a(3) / b(1) / c(2) / d(1)
12- a(1) / b(2) / c(3) / d(1)

Se seu médico fez entre 12 e 20 pontos: Fuja, saia correndo, ligue dizendo que você não está grávida, era um engano, foi apenas má digestão. Você tem certeza que ele tem um diploma válido em território nacional? Ter um parto com esse médico e sair ilesa é tão garantido quanto acertar na Megasena, sem ter comprado um bilhete.

Se seu médico fez entre 21 e 30 pontos: É melhor você trocar de médico e procurar alguém mais antenado com as novas tendências em atendimento obstétrico. Seu médico pode até ser bem intencionado, mas definitivamente é mal informado. Pode ser que dê um bom ginecologista, mas como parteiro deixa muito a desejar!

Se seu médico fez entre 31 e 37 pontos: O cara é fera, conhece e aplica as recomendações da Organização da Saúde e as evidências científicas. Aparentemente evita procedimentos médicos que podem atrapalhar o trabalho de parto. É respeitoso e honesto. Parece um cara do bem, um bom partido. Me arruma o telefone dele?

Ana Cris Duarte

Amigas do Parto

 

 

 

Recomendações da Organização Mundial da Saúde no Atendimento ao Parto Normal

Um achado, esssa lista! Amei!
Beijos,
Fer
A) Práticas que são demonstradamente úteis e que deveriam ser encorajadas.
1. Usar luvas no exame vaginal, durante o nascimento do bebê e na dequitação da placenta.
2. Liberdade de posição e movimento durante o trabalho do parto.
3. Estímulo a posições não supinas (deitadas) durante o trabalho de parto e parto.
4. Monitoramento cuidadoso do progresso do trabalho de parto, por exemplo, pelo uso do partograma da OMS.
5. Utilizar ocitocina profilática na terceira fase do trabalho de parto em mulheres com um risco de hemorragia pós-parto, ou que correm perigo em conseqüência de uma pequena perda de sangue.
6. Condições estéreis ao cortar o cordão.
7. Prevenir hipotermia do bebê.
8. Contato cutâneo direto precoce entre mãe e filho e apoio ao início da amamentação na primeira hora do pós-parto, conforme diretrizes da OMS sobre o aleitamento materno.
9. Plano individual determinando onde e por quem o parto será realizado, feito em conjunto com a mulher durante a gestação, e comunicado a seu marido/ companheiro e, se aplicável, a sua família.
10. Avaliação do risco gestacional durante o pré-natal, reavaliado a cada contato com o sistema de saúde e no momento do primeiro contato com o prestador de serviços durante o trabalho de parto e parto.
11. Monitorar o bem-estar físico e emocional da mulher ao longo do trabalho de parto e parto, assim como ao término do processo do nascimento.
12. Oferecer líquidos por via oral durante o trabalho de parto e parto.
13. Respeitar a escolha da mãe sobre o local do parto, após ter recebido informações.
14. Fornecimento de assistência obstétrica no nível mais periférico onde o parto for viável e seguro e onde a mulher se sentir segura e confiante.
15. Respeito ao direito da mulher à privacidade no local do parto.
16. Apoio empático pelos prestadores de serviço durante o trabalho de parto e parto.
17. Respeito à escolha da mulher quanto ao acompanhante durante o trabalho de parto e parto.
18. Fornecer às mulheres todas as informações e explicações que desejarem.
19. Métodos não invasivos e não farmacológicos para alívio da dor, como massagem e técnicas de relaxamento, durante o trabalho de parto.
20. Monitoramento fetal por meio de ausculta intermitente.
21. Uso de materiais descartáveis apenas uma vez e descontaminação adequada de materiais reutilizáveis durante todo o trabalho de parto e parto.
22. Examinar rotineiramente a placenta e as membranas ovulares.

B) Práticas claramente prejudiciais ou ineficazes e que deveriam ser eliminadas.

1. Uso rotineiro de enema.
2. Uso rotineiro de tricotomia.
3. Infusão intravenosa rotineira em trabalho de parto.
4. Cateterização venosa profilática de rotina.
5. Uso rotineiro da posição supina durante o trabalho de parto.
6. Exame retal.
7. Uso de pelvimetria por raios-X.
8. Administração de ocitócicos em qualquer momento antes do parto de um modo que não permita controlar seus efeitos.
9. Uso rotineiro da posição de litotomia com ou sem estribos durante o trabalho de parto e parto.
10. Esforços de puxo prolongados e dirigidos (manobra de Valsalva) durante o segundo estágio do trabalho de parto (expulsivo).
11. Massagens e distensão do períneo durante o segundo estágio do trabalho de parto.
12. Uso de comprimidos orais de ergometrina na dequitação para prevenir ou controlar hemorragias.
13. Uso rotineiro de ergometrina por via parenteral no terceiro estágio do trabalho de parto.
14. Lavagem rotineira do útero depois do parto.
15. Revisão rotineira (exploração manual) do útero depois do parto.C) Práticas em relação às quais não existem evidências suficientes para apoiar uma recomendação clara e que devem ser utilizadas com cautela até que mais pesquisas esclareçam a questão

1. Método não farmacológico de alívio da dor durante o trabalho de parto, como ervas, imersão em água e estimulação nervosa.
2. Amniotomia precoce de rotina (romper a bolsa d’água) no primeiro estágio do trabalho de parto.
3. Pressão no fundo uterino durante o trabalho de parto e parto.
4. Manobras relacionadas à proteção ao períneo e ao manejo do polo cefálico no momento do parto.
5. Manipulação ativa do feto no momento de nascimento.
6. Uso rotineiro de ocitocina, tração controlada do cordão ou sua combinação durante o terceiro estágio do trabalho de parto.
7. Clampeamento precoce do cordão umbilical.
8. Estimulação do mamilo para aumentar contrações uterinas durante a dequitação.D) Práticas freqüentemente utilizadas de modo inadequado

1. Restrição hídrica e alimentar durante o trabalho de parto.
2. Controle da dor por agentes sistêmicos.
3. Controle da dor por analgesia peridural.
4. Monitoramento eletrônico fetal.
5. Utilização de máscaras e aventais estéreis durante a assistência ao parto.
6. Exames vaginais repetidos e freqüentes, especialmente por mais de um prestador de serviços.
7. Correção da dinâmica com a utilização de ocitocina.
8. Transferência rotineira da parturiente para outra sala no início do segundo estágio do trabalho de parto.
9. Cateterização da bexiga.
10. Estímulo para o puxo quando se diagnostica dilatação cervical completa ou quase completa, antes que a própria mulher sinta o puxo involuntário.
11. Adesão rígida a uma duração estipulada do segundo estágio do trabalho de parto, como por exemplo, uma hora, se as condições maternas e do feto forem boas e se houver progresso do trabalho de parto.
12. Parto operatório (cesariana).
13. Uso liberal ou rotineiro de episiotomia.
14. Exploração manual do útero depois do parto.

Reflexões sobre o Parto Normal

Queridas gestantes, minhas amigas, futuras parturientes.

Falo a vocês que, em menor ou maior grau, desejam um parto normal.

As que desejam de certa forma, passar pela quantidade mínima, considerada segura, de intervenções.

Nós sabemos que o parto cirúrgico é uma intervenção de grandes proporções no parto humano. Sabemos que corta 7 camadas de tecidos, que o bebê não se aproveita de todos os benefícios envolvidos nas contrações uterinas, onde seus órgãos internos são massageados vigorosamente, fazendo-os “acordar” para enfrentar o novo mundo que em breve se descortinará, sendo o último órgão a ser massageado o próprio pulmão, justamente no canal de passagem.

O parto cirúrgico especialmente aquele marcado com antecedência, impede, de forma contundente que o bebê dê sinais de que está pronto, fazendo assim que seja elevada a possibilidade de se fazer nascer uma criança que ainda não está à termo, ou seja, prematura.

Sei de mulheres que em maior ou menos grau, lidam bem com a cirurgia em si. No entanto, ademais dos riscos físicos para mãe e bebê, envolvidos em um processo cirúrgico, ficam aqueles riscos dos processos emocionais, psicológicos e espirituais envolvidos.

Mas tudo isso, nós já sabemos. E vocês já sabem e desejam um parto normal.

Então meu desejo hoje é falar com vocês sobre o parto normal.

Ele é infinitamente mais desejável que o parto cirúrgico, sua recuperação é claramente mais rápida, fácil e segura.

Mas nem por isso, deixa de envolver riscos (como tudo na vida).

A informação, hoje, sobre os processos envolvidos no ato de nascer, seja lá onde se escolha parir, não estão disponíveis largamente e discutidas suficientemente em sociedade para que estejamos seguras de nossas escolhas.

Mormente, os médicos se adonaram do parto e eles “fazem o parto” conforme aprenderam.

Aprenderam que a mulher para ter “passagem”precisa na maioria das vezes de um corte que deixa marcas na vagina da mulher, por lhe cortar as fibras musculares, mas é raríssimo haver um médico que ensine à sua gestante, durante o pré-natal que ficar de cócoras o máximo de tempo possível, e fazer exercícios para o assoalho pélvico podem reduzir consideravelmente as possibilidades de laceração. Poderiam também orientar, no momento da expulsão do bebê a não fazer força, e simplesmente respirar, que o corpo e o bebê trabalham em harmonia e a força somente deve ser feita ao se sentir os puxos, que é quando a mulher sente uma vontade irresistível de fazer força. Mas é a MULHER que sabe quando deve fazer e em que intensidade. Nesse caso, a ansiedade da equipe deve estar bem controlada, os medos esclarecidos, as necessidades de todos bem ponderadas e a mulher, consciente de todo o processo pelo qual seu corpo está passando.

O procedimento de cortar é chamado de episiotomia, ele é feito em sua maioria, como procedimento de rotina.

Quero deixar claro que não estou defendendo este ou aquele jeito de parir, mas me coloco aqui e frente à ausência de informação quando o assunto é os “comos” as coisas são feitas no chamado momento P.

No parto normal também é efetuado como rotina a indução, especialmente se a mulher chega ao hospital/maternidade com bolsa rota (já estourou a bolsa) e com poucos centímetros de dilatação. Em princípio pode parecer uma coisa boa, pois se a bolsa rompeu o bebê precisa sair logo! É o que pensa a equipe. E colocam a parturiente a tomar o famoso sorinho. Esse soro é um hormônio chamado icitocina sintética.

Nosso corpo produz durante todo o trabalho de parto e em doses “cavalares” durante o período expulsivo o hormônio ocitocina, também conhecido como hormônio do amor. É conhecido assim porque É O MESMO HORMÔNIO EXCRETADO NO ORGANISMO DURANTE E APÓS A RELAÇÃO SEXUAL e provoca aquela agradável sensação de bem estar e ligação íntima. Assim, ao trocarmos o nosso pelo sintético estamos impedindo que o nosso faça o seu sublime dever.

Agora uma pausa, um parêntesis – vamos imaginar uma coisa: quando fazemos amor, uma relação sexual – imaginem… luz de velas… jantar íntimo… clima… sussurros… e… final feliz!

Fácil de imaginar?

O hormônio maestro dessa harmonia toda é a ocitocina!

O mesminho, sem tirar nem pôr, do parto.

Agora imaginem de novo – você com seu bem, a pessoa que você ama aconchegada nos braços, um escurinho… de repente, sem aviso prévio, alguém acende a luz, entra pela porta e toca em vocês só pra ver se está tudo caminhando “como deveria”. Será que quebrou o clima?

Ok, a pessoa só está cumprindo com o dever dela, está monitorando sua relação, você racionalmente até compreende isso, mas… Cadê?? Pra onde foram os olhares apaixonados? E as palavras de carinho? Será que se assustaram? Tudo bem! Nós somos adultos! Vamos recomeçar. Só que o monitoramento ocorre a todo o momento… a ocitocina? Bem… essa também precisa de clima pra se manifestar.

Olhando as coisas por esse ângulo, Leboyer estava certíssimo ao incluir a penumbra como fator humanizador do parto.

Outro procedimento é a raspagem dos pêlos pubianos, chamada de tricotomia e a lavagem dos intestinos, chamada de enema, que também não configuram necessidade, conforme a medicina baseada em evidências hoje afirma.

Bom, enquanto pesquisava alguma maternidade onde pudesse parir minha filha, me informaram que os procedimentos de rotina, especialmente os citados acima – aplicação de ocitocina sintética, tricotomia, enema e episiotomia, são negociáveis!

Que a mãe pode parir até sem passar por alguns deles (como o sorinho, por exemplo), mas os procedimentos de rotina com a criança, eles não abriam mão. Na hora gelei. Procedimentos de rotina com o bebê?? Quais são? – além de medir e pesar: lavagem estomacal, intestinal, aspiração, banho, berçário para observação, injeção de vitamina K, pingar colírio de nitrato de prata e se demorar para ir para os braços da mãe: leite artificial e soro glicosado. O quê?? E o meu leitinho? Pensei. Naquele momento resolvi lutar pelo meu parto, do jeito como eu imaginava ser digno para a minha filha nascer.

Verifiquei a real necessidade de cada um desses procedimentos e sua origem e me senti segura para afirmar que minha filha não precisaria de nenhum deles. A única coisa que ela precisaria ao nascer era dos meus braços, meu colo e meu peito.

Eu tenho vontade de anunciar o que vem sendo recomendado pela Organização Mundial de Saúde e o que vem sendo praticado nos países desenvolvidos que é: em gestação de baixo risco, o mais seguro é parir em casa. Existe uma série de motivos para essa recomendação e uma delas é a cascata de intervenções executadas com a mãe que pode transformar o parto normal em cesariana. Mas vejo que isso é uma ooooutra história. Por enquanto me contento em dar meu ponto de vista sobre o que significa cascata de intervenções.

Queridas amigas, embora tenha muita vontade de apregoar o parto domiciliar, não o faço, pois reconheço as grandes limitações de todo nosso sistema de saúde, no entanto, sinto que é muito importante a gestante ter pleno conhecimento do que é feito em maternidades e hospitais e assim, assumir os riscos que envolvem parir nesses lugares. Eu assumi um risco também. Como tudo na vida. Viver é um risco, mas ao atravessar a rua, a gente sempre olha para os dois lados. Todas as informações aqui podem e devem ser cotejadas em fontes seguras. Tudo que escrevi aqui é fruto de minhas pesquisas para o parto da minha filha. Grande abraço. Fernanda.

Por que “cascata de intervenções”?

Diz-se cascatas de intervenções, pois, uma leva à outra. Ocitocina artificial potencializa muito as dores, muitas dores leva à anestesia, anestesia pode levar à ineficácia das contrações, o que leva à insensibilidade do momento de empurrar. Momento de empurrar (expulsivo) longo é igual a sofrimento fetal. Sofrimento fetal é igual à cesariana.

Quando a mulher é deixada em paz, sendo respeitosamente assistida, o seu corpo vai “dizendo” o que ela deve fazer, em que posições ficar, como se movimentar. O respeito e a tranqüilidade geram ambiente para a ocitocina trabalhar. E assim, aos poucos, a dilatação encontra lugar em seu corpo.